Policiais da ROTA, tropa de elite da Polícia Militar de São Paulo, teriam atuado em parceria com o PCC
Neste sábado (18), a Polícia Civil prendeu um policial militar suspeito de ser o motorista do carro usado pelos atiradores na execução de Vinícius Gritzbach, delator do Primeiro Comando da Capital (PCC), no Aeroporto Internacional de São Paulo no ano passado. Ao todo, já são 16 PMs presos por envolvimento no caso.
O delator Gritzbach era acusado de envolvimento em esquemas de lavagem de dinheiro para a facção. Na delação premiada assinada com o Ministério Público, ele entregou o nome de pessoas ligadas ao PCC e também acusou policiais de corrupção.
O policial é o 1º tenente Fernando Genauro da Silva, de 33 anos. Ele foi preso em Osasco, onde mora. O PM foi levado para a sede do Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP) para prestar depoimento. Em seguida, foi encaminhado ao Presídio Romão Gomes da Polícia Militar. A operação que levou à prisão do PM teve o apoio da Corregedoria da Polícia Militar.
A Secretaria da Segurança Pública disse, em nota, que “as forças de segurança do estado são instituições legalistas e que nenhum desvio de conduta será tolerado. A força-tarefa criada para investigar o crime segue em diligências para identificar e punir todos os envolvidos”.
A prisão dos outros 15 PMs aconteceu em uma operação na última quinta-feira (16). Quatorze deles faziam a segurança pessoal de Gritzbach. Outro PM foi preso acusado de ser autor dos disparos. A polícia ainda não sabe se o suspeito de ser o atirador tem relação com o grupo que fazia parte da escolta.
Além dos policiais militares, foi preso na sexta-feira (17) um suspeito de ter ajudado o homem apontado como “olheiro” que avisou aos atiradores sobre a chegada de Gritzbach ao aeroporto e que segue foragido. Uma modelo apontada como namorada do olheiro também foi presa.
O cruzamento de diversas investigações sobre a facção, inclusive sobre a morte de Gritzbach, também levou à prisão de quatro policiais civis em dezembro. Depois, um quinto policial que estava foragido se entregou.
Os principais suspeitos seriam pessoas ligadas a Cara Preta, morto em dezembro de 2021 após tomar um suposto golpe milionário de Vinícius Gritzbach, que lavava dinheiro para a facção por meio da compra e venda de imóveis. Ele foi acusado de desviar parte de um investimento de R$ 100 milhões do PCC em criptomoedas.
ROTA
Policiais da ROTA, tropa de elite da Polícia Militar de São Paulo, teriam atuado em parceria com o PCC na zona leste, repassando informações sobre investigações sigilosas e frustrando operações do Ministério Público de São Paulo contra algumas das principais lideranças da facção.
Entre elas, Silvio Luiz Ferreira, o “Cebola”, apontado como “sintonia geral do progresso” e principal suspeito de ser o mandante do assassinato de Vinícius Gritzbach.
A conduta de PMs da Rota é apurada no mesmo inquérito que deu origem à operação deflagrada, que prendeu os 16 policiais suspeitos de envolvimento no crime.
Antes da morte de Gritzbach, Cebola seria alvo de uma ação orquestrada pelo Gaeco, do MPSP, mas conseguiu escapar após informações repassadas por policiais do setor de inteligência da ROTA.
Os promotores do Gaeco foram informados pelo próprio Gritzbach, que na época já era jurado de morte pelo PCC, sobre uma reunião da cúpula da facção na casa do advogado Ahmed Hassan, conhecido como Mudi. No local, também estavam presentes outras importantes figuras ligadas ao crime organizado e a empresa de ônibus UpBus, usada para lavar dinheiro.
Em posse da informação privilegiada, o Gaeco procurou o Comando de Policiamento de Choque, responsável pela ROTA, pedindo que as equipes fossem até a casa do advogado para prender as lideranças do PCC.