São Paulo: Polícia impede realização de protesto e arrasta mulheres pelos cabelos

A manifestante Andreza Delgado foi uma das arrastadas pelos cabelos durante a repressão ao ato - Foto Foto: Daniel Arroyo/Ponte Jornalismo

Com bombas de gás lacrimogênio e balas de borracha, a Polícia Militar (PM) sufocou e impediu a saída de uma manifestação contra o aumento das tarifas do transporte público em São Paulo. A medida faz parte da orientação do governo Dória de restringir as manifestações populares no estado.

O grupo, que se reuniu em frente ao Theatro Municipal no final da tarde, saiu em caminhada para a Avenida Paulista, mas cerca de 500 metros depois, na Praça da República, a Polícia Militar (PM) impediu a continuidade da manifestação.

Ao menos dez pessoas foram detidas.

Os policiais deram mata-leões em mulheres e as arrastaram pelos cabelos pela praça da República. Em meio à confusão, passaram a atirar bombas de gás.

Até esse momento o protesto era pacífico. Depois da atitude da PM, alguns manifestantes passaram a atirar objetos, o que, no final, acabou virando em uma perseguição pelas ruas do centro.

Manifestação foi barrada menos de 500 metros depois de sair da frente do Theatro Municipal. Segundo o governo, proibição do ato aconteceu para não piorar o trânsito da cidade – Foto: Daniel Arroyo/Ponte Jornalismo

Às 19h50, um grupo pequeno ainda cantava palavras de ordem na Avenida Ipiranga, que ficou bloqueada. Entradas do metrô República também foram fechadas para impedir a entrada das pessoas que participavam do ato.

Mesmo os líderes do ato, tendo informado com antecedência o trajeto do protesto, a PM agiu com truculência.

A polícia alegou que barrou o protesto por temor de complicar ainda mais o trânsito do centro da cidade. Na quinta-feira, a capital paulista sofreu com diversos alagamentos após uma forte chuva.

Em um vídeo que circula na internet é possível ver policiais arrastando uma jovem pelos cabelos. Ela foi identificada como Andreza Delgado, militante do Movimento Passe Livre e também organizadora do Perifacon.

https://twitter.com/raullsantiago/status/1217967063429414918?s=20

Ao menos um fotojornalista relatou ter sido agredido com três chutes por policiais. Manifestantes também foram atingidos por golpes de cassetete.

A PM começou a deter manifestantes após alguns deles ultrapassarem uma barreira na praça da República, estabelecida pelos policiais como ponto máximo onde o protesto poderia chegar.

Foi o terceiro protesto do MPL este ano contra aumento da tarifa do transporte público, que desde 1º de janeiro passou de R$ 4,30 para R$ 4,40.

Nos dois primeiros atos, também houve repressão policial, inclusive com a chamada “detenção para averiguação”, onde manifestantes foram presos, fotografados e fichados pela polícia e, em seguida, liberados.

Até mesmo repórteres que cobrem as manifestações em São Paulo estão sendo abordados por policiais durante os atos.

O portal Ponte Jornalismo, questionou a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP) sobre as prisões, as agressões cometidas pelos policiais, a falta de identificação de parte dos PMs e por quais crimes os presos foram acusados. Em nota, a pasta informou que toda a ação policial foi para garantir “o direito à livre expressão e a segurança de todos”.

“Após o deslocamento para a região da Praça da República, houve um princípio de tumulto que foi contido pelos policiais. Uma policial militar foi ferida durante a ação. Dez pessoas, sendo oito adultos e dois adolescentes, foram detidas por desacato e lesão corporal e encaminhadas ao 2º DP. As imagens citadas pela reportagem são analisadas pela Polícia Militar e as medidas cabíveis serão adotadas”, diz nota.

Compartilhe

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *