A Polícia Civil e o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) realizaram nesta quinta-feira uma operação contra irregularidades em contratos firmados pela gestão de Marcello Crivella (Republicanos) na Prefeitura do Rio.
São 22 mandados de busca e apreensão. Dentre os endereços alvos da operação está a residência de Crivella, na Barra da Tijuca, na Zona Oeste; o Palácio da Cidade, residencial oficial da Prefeitura; e o Centro Administrativo São Sebastião, sede do Executivo Municipal, na Cidade Nova. Os mandados foram autorizados pelo 1º Grupo de Câmaras Criminais do Tribunal de Justiça do Rio (TJRJ).
O advogado de Crivella, Alberto Sampaio, disse que o mandato tinha o objetivo de apreender celulares, notebooks e documentos. “O prefeito está tranquilo e saiu pra cumprir agenda. Ainda não sabemos o teor da denúncia”, disse o advogado.
Também são investigados servidores da gestão de Crivella e empresários com contratos com a administração municipal.
Os agentes estiveram em endereços residenciais de agentes públicos municipais e empresários em Jacarepaguá, Flamengo, Tijuca, Itaipava, na Região Serrana e em Nilópolis, na Baixada Fluminense.
Segundo o Ministério Público do Rio de Janeiro, também são investigados:
- Eduardo Lopes: atual secretário estadual de Agricultura, Pecuária, Pesca e Abastecimento no governo Witzel; ex-ministro da Pesca na gestão de Dilma Roussef; e suplente de Crivella no Senado
- Mauro Macedo: ex-tesoureiro das campanhas de Crivella para o Senado (2004) e para a Prefeitura (2014)
QG da propina
A ação desta quinta-feira é um desdobramento da Operação Hades, que investigou o “QG da Propina”, um suposto esquema de cobrança de propina para a liberação de pagamentos da Prefeitura do Rio de Janeiro, que teria a Riotur como balcão de negócios. A primeira operação, em 10 de março, mirou o ex-presidente do órgão Marcelo Alves; o irmão dele, Rafael Alves; e o empresário João Alberto Felippo Barreto, o João da Locanty, todos suspeitos de peculato, organização criminosa e lavagem de dinheiro.
As investigações sobre o balcão de negócios na prefeitura, iniciadas no ano passado, partiram da colaboração do doleiro Sérgio Mizrahy, preso pela operação Câmbio, Desligo. Homologada pela desembargadora Rosa Guita, a delação se referiu a um “QG da Propina” operando dentro da Riotur e apontou o empresário Rafael Alves como o cabeça do suposto esquema no município.
Os investigadores encontraram na casa do empresário João Alberto Felippo Barreto, o João da Locanty, um dos empresários favorecidos pelo “QG”, documentos – planilhas de recebíveis, principalmente – das empresas de serviços com contratos com a Prefeitura municipal, mas que o empresário insiste em dizer que não é sócio.
João da Locanty, do ramo de limpeza, conservação e coleta de lixo, montou uma rede de empresas em nome de laranjas para esconder a condição de dono oculto das prestadoras de serviço favorecidas com os pagamentos sistemáticos. Para garantir os desembolsos da Prefeitura, João pagava as propinas em cheque, entregues a Mizrtahy.
Para comprovar o seu depoimento, o doleiro relatou episódios ocorridos nos dias 10 e 11 de maio do ano passado, logo após sua prisão. Diz que dois funcionários da Riotur, empresa comandada pelo irmão de Rafael Alves, estiveram naqueles dois dias na casa de Mizrahy para “resgatar” com a sua mulher cheques destinados ao pagamento de propina da Locanty. O doleiro os chama de Johny e Thiago no depoimento.
“Uma ótima quinta-feira”
Apesar de ser alvo da operação, o bispo da Igreja Universal deve cumprir normalmente sua agenda na manhã de hoje. Ele participará de uma formatura no Centro de Instrução Almirante Alexandrino (CIAA) da Marinha, com Jair Bolsonaro.
Durante o cumprimento dos mandados, Crivella postou a mensagem a seguir em seu perfil no Facebook: “Bom dia! Uma ótima quinta-feira a todos”. Ele ainda não falou sobre uma operação.