A Polícia Federal cumpriu mandados de busca e apreensão, nesta terça-feira (23), contra oito empresários que apregoaram golpe de Estado por Jair Bolsonaro em mensagens no Whatsapp.
A operação foi determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Os mandados foram cumpridos em cinco Estados: São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Ceará.
Moraes também ordenou o bloqueio das contas bancárias dos empresários; bloqueio e das redes sociais; tomada de depoimentos e quebra de sigilo bancário.
As mensagens golpistas foram reveladas pelo site “Metrópoles”, em que os empresários apoiadores de Bolsonaro defenderam um golpe de Estado caso o ex-presidente Lula (PT), candidato à Presidência, vença as eleições de outubro.
A Coalizão em Defesa do Sistema Eleitoral, que reúne mais de 200 entidades, apresentou uma notícia-crime ao Supremo Tribunal Federal (STF) contra o grupo de empresários bolsonaristas.
Para a Coalizão em Defesa do Sistema Eleitoral, os empresários “pregam de maneira direta o afastamento da Democracia representativa, com o retorno do Estado de Exceção, deixando de reconhecer o resultado das eleições livres e diretas que serão realizadas em outubro próximo”.
As entidades também pediram a quebra dos sigilos telefônicos e telemáticos dos empresários e que seja investigada a sua participação e possível financiamento dos atos golpistas do 7 de setembro.
São alvos da operação:
Afrânio Barreira Filho (Coco Bambu);
Ivan Wrobel (W3 Engenharia);
José Isaac Peres (Multiplan);
José Koury (Barra World);
Luciano Hang (Havan);
Luiz André Tissot (Sierra);
Marco Aurélio Raymundo (Mormaii);
Meyer Joseph Nigri (Tecnisa).
Uma conversa do submundo de empresários sobre um golpe começou no grupo Empresários & Política no dia 31 de julho, às 17h23, com uma mensagem de Ivan Wrobel, da W3 Engenharia, que publicou: “Quero ver se o STF tem coragem de fraudar as eleições após um desfile militar na Av. Atlântica com as tropas aplaudidas pelo público”.
A conversa se desenrolou com José Koury, proprietário do shopping Barra World, dizendo que prefere “golpe do que a volta do PT. Um milhão de vezes. E com certeza ninguém vai deixar de fazer negócios com o Brasil. Como fazem com várias ditaduras pelo mundo”.
Afrânio Barreira, do Coco Bambu, respondeu a mensagem com uma figurinha aplaudindo.
Marco Aurélio Raymundo, o Morongo, dono da rede de lojas Mormaii, acredita que “o 7 de setembro está sendo programado para unir o povo e o Exército e ao mesmo tempo deixar claro de que lado o Exército está. Estratégia top e o palco será o Rio. A cidade ícone brasileira no exterior. Vai deixar muito claro”.
Ele ainda respondeu à mensagem de José Koury, alegando que “golpe foi soltar o presidiário!!! Golpe é o ‘supremo’ agir fora da constituição! Golpe é a velha mídia só falar merda”.
Morongo afirmou que “quando o mínimo das regras que nos foram impostas são chutadas para escanteio, aí passa a valer sem a mediação de um juiz. Uma pena, mas somente o tempo nos dirá se voltamos a jogar o jogo justo ou [se] vai valer pontapé no saco e dedo no olho”.
Em diversos momentos, os empresários bolsonaristas desacreditam das urnas eletrônicas e atacam o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o Supremo Tribunal Federal (STF) e seus ministros, especialmente Alexandre de Moraes, Edson Fachin e Luís Roberto Barroso.
Para André Tissot, da empresa especializada na venda de imóveis de luxo no Rio Grande do Sul, Grupo Sierra, “o golpe teria que ter acontecido nos primeiros dias de governo. [Em] 2019 teríamos ganhado outros 10 anos a mais”.
José Isaac Peres, da rede de shoppings Multiplan, publicou que “o TSE é uma costela do Supremo, que tem 10 ministros petistas. Bolsonaro ganha nos votos, mas pode perder nas urnas. Até agora, milhões de votos anulados nas últimas eleições correm em segredo de Justiça. Não houve explicação”.
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