
Foram apreendidos US$ 16 milhões, sendo 1,5 milhão de dólares em dinheiro vivo. As jóias e relógios avaliados em cerca de US$ 15 milhões serão leiloados.
É o que informa a Polícia Federal, que abordou a comitiva da Guiné Equatorial, no Aeroporto Internacional de Viracopos, em Campinas.
Os 11 integrantes da comitiva tentaram escapar da vistoria alegando imunidade diplomática, prerrogativa atinente apenas ao vice-presidente, Teodoro Nguema Obiang Mangue, apelidado de Teodorin, que ficou esperando do lado de fora do aeroporto, enquanto que as malas do restante da comitiva foram sendo abertas.
Foram quatro horas de negociações até que as chaves para a abertura das malas foram entregues aos policiais.
Para o delegado da PF, Paulo Vibrio, declarou que “é um absurdo isso, chegar com tanto dinheiro e não declarar nada”.
Vibrio diz que ainda é cedo para se fazer suposições sobre a origem do dinheiro ou sua destinação, mas “vamos apurar o caso”. O secretário da embaixada de Guiné Equatorial, Leminio Akuben Mba Mikue, declarou que o vice veio ao Brasil para tratamento médico e posteriormente seguiria “para Singapura em missão oficial”. O dinheiro seria para custear a viagem da tal “missão” e os relógios (alguns deles cravejados de diamantes) eram de uso pessoal do vice-presidente.
Além de vice, Teodorin é filho do ditador do país africano Teodoro Obiang Nguema Mbasogo.
A abordagem ocorreu na sexta-feira, dia 14. A história da embaixada é muito pouco esclarecedora, uma vez que a tal ‘missão’, apesar de só se tornar oficial quando de sua chegada a Cingapura, chegou a Campinas a bordo de uma aeronave do governo.
Segundo a lei brasileira, a entrada de dinheiro em espécie está limitada a 10 mil reais por pessoa. Os policiais brasileiros desconfiaram do peso de uma das malas, que um dos integrantes da delegação carregava com dificuldade.
Teodorín já visitou o Brasil mais de uma vez, uma delas foi para assistir ao desfile das escolas de samba do Rio de Janeiro. Isso foi em 2015, quando o país foi homenageado pela Beija-Flor, que para tal recebeu 10 milhões de reais .
Em 2015, Alicante, que descreveu as condições de vida em sua terra natal, criticou o apoio dos governos dos EUA, onde vive, e do Brasil, à ditadura de Obiang.
“A maioria das pessoas é pobre e batalha cada refeição, o que é um paradoxo: o país é extremamente rico, porém há pobreza por todos os lados. Temos a maior renda per capita da África e, ao mesmo tempo, um dos piores índices de desenvolvimento humano do continente”.
Ele afirmou que “o governo controla a mídia, o exército e frauda as eleições”. Segundo ele, a liberdade de expressão é nenhuma.