O Ministério Público Federal (MPF) abriu uma investigação criminal para apurar a tentativa de homicídio contra Juliana Leite Rangel, de 26 anos, que foi baleada na cabeça durante uma abordagem da Polícia Rodoviária Federal (PRF) na rodovia Washington Luís (BR-040), em Duque de Caxias, Baixada Fluminense, na última terça-feira (24), véspera de Natal. A jovem segue internada em estado gravíssimo no Hospital Municipalizado Adão Pereira Nunes.
Para o procurador da República Eduardo Benones, responsável pela investigação, a gravidade do caso é altíssima e segundo ele, medidas urgentes já foram tomadas. “O MPF está tratando o caso como tentativa de homicídio. Esperamos que Juliana se recupere para evitar que essa investigação se transforme em um inquérito por homicídio”, afirmou Benones.
Juliana estava a caminho de Itaipu, em Niterói, para comemorar o Natal com a família quando foi baleada. Segundo seu pai, Alexandre Rangel, que dirigia o veículo, a abordagem foi abrupta e violenta, com os policiais disparando assim que saíram da viatura. Alexandre também foi atingido na mão, mas recebeu alta na mesma noite.
“Disseram que eu atirei no carro deles, mas eu não tenho arma. Só ouvi os tiros e pedi para minha filha se abaixar. Infelizmente, um dos disparos a atingiu”, relatou Alexandre. A mãe de Juliana, que também estava no carro, descreveu o desespero do momento: “A gente pensou que era bandido atirando. Foi muito tiro, e nós não entendíamos o porquê”, disse.
Entre as ações do MPF, estão a solicitação de informações sobre o estado de saúde da vítima, a verificação de inquéritos abertos pela Polícia Federal (PF) e o pedido de apreensão das armas usadas pelos policiais na abordagem. O MPF requisitou informações de diversas entidades para esclarecer os detalhes do caso.
À PRF, o Ministério Público pediu a Identificação dos policiais envolvidos e afastamento imediato das atividades operacionais; a apreensão de viaturas e armas utilizadas na ocorrência para realização de perícia; o detalhamento da assistência prestada à vítima e sua família; e o acesso ao processo administrativo instaurado pela Corregedoria.
À Polícia Federal, o MPF solicitou relatório sobre medidas adotadas na investigação do caso. E ao Hospital Municipal Adão Pereira Nunes pediu atualizações sobre o estado de saúde de Juliana e de seu pai, Alexandre Rangel, também ferido na ação e o envio de laudos médicos e identificação das equipes que prestaram atendimento.
À Concessionária da BR-040 (CONCER), o Ministério Público pediu as imagens das câmeras de segurança da rodovia no horário da ocorrência.
A PRF informou que os agentes envolvidos foram afastados preventivamente e lamentou o ocorrido. A instituição garantiu que está colaborando com a Polícia Federal, que conduz as investigações. Em nota, a PRF reforçou que um procedimento interno foi aberto para apurar o caso e que acompanha de perto a situação da família.