
Militares foram jogados a três metros de altura e espancados durante ataques de 8 de janeiro
O Governo do Distrito Federal (GDF) promoveu dois policiais militares por atos de bravura ao tentarem conter os ataques golpistas em 8 de janeiro, em Brasília. Eles estavam na cúpula do Congresso Nacional quando foram agredidos; a soldado Marcela Pinno chegou a ser jogada de uma altura de 3 metros.
Marcela da Silva Morais Pinno foi promovida de soldado a cabo; ela está na PM há quatro anos. Beroaldo José de Freitas Júnior foi promovido de primeiro-sargento a subtenente; ele está a poucos anos da aposentadoria.
Os dois policiais do Batalhão de Choque são os primeiros PMs de Brasília a receber uma promoção pela atuação no dia 8 de janeiro. Segundo a Polícia Militar do Distrito Federal (PM-DF), há ainda processo de avaliação para a possível promoção de outros 40 militares por atos de bravura no dia dos ataques às sedes dos três poderes.
“Toda vez que nós víamos essa imagem dava um frio na espinha porque a gente via, nós víamos realmente a situação que nós passamos ali, e foi muito próximo da morte”, disse Beroaldo em entrevista ao Jornal Nacional, da TV Globo.
Marcela e Beroaldo foram jogados da cúpula do Congresso Nacional a uma altura de três metros. Ela era escudeira e estava protegendo uma das entradas de acesso, quando foi cercada pelos criminosos.
“A Marcela, que tava à minha frente, foi atacada primeiro. Foi agredida violentamente, de uma forma que eu nunca tinha visto alguém atacar uma pessoa daquela forma. Principalmente uma mulher. O que a gente observava é que eles queriam estraçalhar ela. Pisavam no rosto dela, espancavam com barra de ferro na cabeça”, continuou Beroaldo.
A policial foi agredida com barras de ferro, chegou a cair e foi golpeada no chão pelos criminosos. O colega foi resgatar a soldado, mas passou a ser o alvo dos golpistas e também recebeu golpes com barra de ferro na cabeça.
“Eu estava no chão. Nesse momento estava sendo chutada, eram vários manifestantes. Ele se utilizou de um equipamento que é o lançador pra tirar os manifestantes de cima de mim e conseguir me colocar de pé, pra que eu conseguisse retornar pra linha. Eu já atuei em outras situações, em outras operações, mas o nível de agressividade do dia realmente foi algo que nós ainda não tínhamos visto”, diz a cabo Marcela.
Depois da agressão, os policiais militares receberam atendimento do Corpo de Bombeiros na Esplanada dos Ministérios e, por decisão própria, voltaram para a linha de frente. Eles só deixaram o local por volta de uma hora da manhã do dia 9 de janeiro.
Os dois militares promovidos são do Batalhão de Choque, do 3º Pelotão da Companhia de Patamo, e estavam escalados para trabalhar no dia 8 de janeiro. Naquele dia, 20 policiais do pelotão tentavam dispersar os milhares de invasores do Congresso Nacional, do Palácio do Planalto e da sede do Supremo Tribunal Federal (STF).
PROMOÇÃO
A promoção por ato de bravura é resultado de um ato incomum de coragem e audácia que ultrapassa os limites do cumprimento do dever. Ela é dada por um feito histórico relevante às operações policiais militares ou à sociedade.
Segundo o Decreto n° 37.483/2016, para que o agente seja promovido por ato de bravura, há uma série de requisitos a serem cumpridos como:
Atos incomuns de coragem e audácia no desempenho de ações da atividade policial militar; Indícios de que a conduta apurada ultrapassou os limites normais do cumprimento do dever; Prática de ato que represente feito excepcionalmente valioso pelos resultados alcançados ou pelo exemplo edificante; Existência de prova inequívoca de que o perigo era certo (com real probabilidade de dano), conhecido, iminente, inevitável e que não era exigível ao militar enfrentá-lo e; Que esteja comprovada a individualidade e a discricionariedade do autor em relação à exposição ao risco excessivo, caracterizadores de coragem e audácia no desempenho da ação apreciada.
“A missão do nosso batalhão é o restabelecimento da ordem. E nós somos treinados para o cumprimento da missão. Então, lidar com situações desse sentido é algo que é, digamos, que faz parte do nosso trabalho”, diz a cabo Marcela.