“O governo vende que tem um novo texto melhor para a categoria, mas na verdade não melhorou nada”
Jair Bolsonaro tentou enrolar os policiais civis e federais acenando com a redução da idade mínima exigida para aposentadoria e fracassou. Ele propôs 53 anos para homens e 52 anos para as mulheres. A proposta original do Planalto para a aposentadoria exigia idade mínima de 55 anos para homens e mulheres.
O presidente da Associação Nacional dos Delegados da Polícia Federal (ADPF), Edvandir Paiva, afirmou na quarta-feira (03) que a proposta feita por Bolsonaro “não resolve o nosso problema”. “O governo não nos perguntou se essas condições nos atendiam”, afirmou Paiva.
“A idade mínima de 55 anos não era nosso principal problema. O governo está tentando vender que apresenta um novo texto melhor para a categoria, mas na verdade não melhorou nada”, acrescentou.
Os policiais defendem que quem estiver perto de se aposentar trabalhe 17% a mais do período que falta para cumprir o tempo mínimo de contribuição. A proposta de Bolsonaro, porém, ficou longe desse percentual, em 100%.
Ou seja, aquele profissional que estivesse a dois anos de se aposentar terá que trabalhar mais quatro anos. Em manifestação na Câmara Federal na terça-feira (02) os policiais gritavam: “Bolsonaro traidor”!
“Traidora, traidora, traidora”. Assim foi recebida a líder do governo no Congresso, deputada Joice Hasselmann (PSL-SP), por oficiais de Justiça e policiais federais e rodoviário na chegada à comissão especial da reforma da Previdência.
A segurança da Câmara precisou usar spray de pimenta para dispersar os manifestantes. Nesta semana, o grupo já havia chamado de traidor o presidente Jair Bolsonaro. A informação é do site Congresso em Foco.
Policiais federais de Juiz de Fora também realizaram um ato em frente à sede da PF no Bairro Manoel Honório, na terça-feira (2). O protesto foi contra a reforma da Previdência.
Os policiais federais pedem isonomia de tratamento em relação aos policiais militares. A isonomia de tratamento defendida por eles também engloba as regras de transição da Previdência.
Bolsonaro chegou a ligar para o relator da reforma, Samuel Moreira (PSDB-SP), e anunciar um acordo, mas foi desautorizado, tanto pelo presidente da ADPF, quanto pelo presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia.
Como não houve acordo, os agentes de segurança passaram a defender a aprovação de um destaque (sugestão de mudança no texto) que prevê idade mínima para a categoria de 55 anos para homem, 52 anos para mulher e pedágio de 17%. Esse destaque também prevê pensão por morte com valor equivalente ao último salário – a mesma coisa vale para os casos de invalidez.
Para Maia, não é o momento de Bolsonaro negociar e fazer concessões para categorias específicas. “Isso seria um mau sinal para o plenário”, declarou Maia.