A participação de industrializados nas exportações caiu de 46% para 42% no primeiro trimestre de 2021, na comparação com o mesmo período de 2020. Já as exportações de produtos básicos – produtos com baixo grau de elaboração ou acabamento, primários, como carnes, frutas, grãos e carnes – apresentaram alta no mesmo período, passando de 54% para 58%, segundo dados apurados pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).
En 2019, pela primeira vez em 40 anos, os produtos básicos representaram mais da metade das vendas brasileiras ao exterior. De lá para cá, o governo Bolsonaro fala em aumentar as exportações de maior valor agregado, mas a situação só vem se agravando. Com a pandemia, quando as economias de vários países do mundo injetaram recursos públicos para salvar a economia e comprar vacinas, além de protegerem suas indústrias, empresas e empregos, o governo brasileiro fez o inverso. Sabotou a compra de vacinas e priorizou os rentismo ao invés da defender o setor produtivo.
Mesmo diante da tragédia, que já matou mais de 450 mil pessoas de Covid-19 no país e desempregou milhões de pessoas, Paulo Guedes, ministro da Economia, aumentou os juros, apertou o crédito às empresas e zerou tarifas de importação para produtos estrangeiros, prejudicando a indústria nacional e os empregos no Brasil. E, como se não bastasse, escancarou as compras governamentais para estrangeiros.
De acordo com a CNI, enquanto no período as exportações de produtos industrializados aumentaram em apenas 3,6%, as exportações de itens básicos tiveram alta de 23,5%. As exportações totais subiram 14,3%. Para a entidade, estes números refletem o processo de desindustrialização que o Brasil vive ao longo da última década e que se acelerou nos últimos anos.
“Com a retomada da economia e vacinação nas principais economias, o Brasil tende a vender mais produtos industriais ao mundo nos próximos meses. No entanto, já se vê uma mudança estrutural do Brasil no sentido de uma desindustrialização das exportações que não será revertida apenas com crescimento mundial, mas sim com políticas de competitividade e apoio às exportações, como ocorre em todas as grandes economias”, afirmou o superintendente de Desenvolvimento Industrial da CNI, João Emilio Gonçalves.
Esta declaração do diretor da CNI demonstra ainda um grau razoável de ilusão de setores do empresariado produtivo brasileiro de que os demais países do mundo terão o mesmo comportamento permissivo que estão tendo os atuais ocupantes do Planalto para as importações de produtos industriais de uma forma geral e do Brasil em particular. Todos eles estão com capacidade ociosa em suas indústrias e tendem a implantar programas do tipo “Buy América” em vários deles.
A Indústria de transformação não registrou crescimento nas exportações no primeiro trimestre de 2021, na comparação com o mesmo período de 2020. Por outro lado, houve uma alta de 40% nas exportações da indústria extrativa, de 13% na agricultura e de 14% na agroindústria.