Políticos, entidades sociais e religiosas repudiaram a tentativa de perseguição ao padre Julio Lancelloti, que atua em ações de assistência à população em situação de rua na capital de São Paulo.
Nesta quarta-feira (4), foi aprovada na Câmara Municipal de São Paulo, em um movimento do vereador Rubinho Nunes (União Brasil), uma “CPI das ONGs”, que tem como suposto alvo instituições que prestam apoio humanitário a pessoas em situação de rua e a dependentes químicos da região da Cracolândia.
Em nota, Arquidiocese de São Paulo, afirmou que “acompanhamos com perplexidade as recentes notícias veiculadas pela imprensa sobre a possível abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que coloca em dúvida a conduta do Padre Júlio Lancellotti no serviço pastoral à população em situação de rua”.
Para o deputado federal Orlando Silva (PCdoB-SP), trata-se de “uma verdadeira aberração, uma farsa de arrivistas caçadores de likes pagos com o dinheiro público. Não permitiremos ameaças contra o trabalho humanitário de Padre Julio Lancellotti”, afirmou.
“É inadmissível que a Câmara de vereadores de São Paulo tente instalar uma CPI contra o Padre Júlio Lancellotti! Enquanto a cidade está ao léu, tentam perseguir quem está ao lado da população, lutando por moradia digna, comida e políticas públicas efetivas”, escreveu a deputada federal Sâmia Bomfim (Psol/SP), no X. “Todo meu apoio ao @PeJulio!”, completou.
As manifestações contrárias à perseguição ao líder religioso teve ampla repercussão nas redes. O X, por exemplo, registrou, até o fim da tarde desta quarta-feira (3), mais de 70 mil posts sobre o assunto. Alexandre Padilha, ministro das Relações Institucionais do governo Lula, também se solidarizou com o padre Julio e classificou a proposta da CPI como “inacreditável”.
“A proposta de uma CPI contra o padre Julio Lancellotti é inacreditável e parece uma tentativa de perseguição a defensores da justiça social. Manifesto total solidariedade e apoio ao padre Julio, conhecido mundialmente por suas ações de caridade”.
“O vereador de São Paulo Rubinho Nunes, obteve hoje 25 assinaturas para instaurar a ‘CPI das ONGs’, que mira o trabalho filantrópico do Padre Júlio Lancelotti. É inadmissível que no estado com o maior número de pessoas em situação de rua, aqueles que atuam para o acolhimento e garantia de seus diretos básicos sejam perseguidos e tratados como criminosos. Padre Júlio Lancellotti é referência e um grande exemplo da luta contra a fome e a miséria, estamos do seu lado!”, declarou a União Nacional dos Estudantes (UNE).
O proponente da CPI que visa o religioso é cofundador do Movimento Brasil Livre (MBL), movimento do qual se desligou em 2022. Nesse grupo também se forjou o deputado estadual cassado Arthur do Val que nesse mesmo ano foi condenado pela Justiça após chamar o pároco de “cafetão da miséria”.
Em sua página do X/Twitter, o padre Julio publicou que reconhece a legitimidade de instrumentos como as CPIs por parte do poder legislativo, porém esclareceu que “não pertenço a nenhuma Organização da Sociedade Civil ou Organização não Governamental que utilize de convênio com o Poder Público Municipal”. “A atividade da Pastoral de Rua (coordenada por ele) é uma ação da Arquidiocese de São Paulo, que por sua vez, não se encontra vinculada de nenhuma forma, as atividades que constituem o objetivo do requerimento aprovado para a criação da CPI em questão”, ressaltou.