Pool de bancos tenta extorquir Correios com juros abusivos

Foto: Joédson Alves/ Agência Brasil

Direção da empresa não aceitou taxas de 136% do CDI para conceder empréstimo de R$ 20 bilhões à estatal

A direção dos Correios, que busca empréstimo de R$ 20 bilhões com instituições financeiras como parte do plano de reestruturação da estatal, suspendeu as negociações porque os bancos estão impondo taxas de juros extorsivas. Com taxas próximas de 136% do CDI, a empresa avalia que a situação financeira da empresa pode piorar.

A proposta dos bancos está acima do teto estabelecido pelo Tesouro, de até 120% do CDI – o que já é muito alto – para um crédito sem risco, pois terá garantia do governo. O empréstimo seria quitado em 15 anos.

No último sábado (29), o Conselho de Administração da estatal deu aval ao empréstimo. Mas, com a condição de juros próximos de 136% do CDI, a negociação dos Correios com um consórcio de bancos (Citibank, Safra, BTG Pactual, ABC Brasil e Banco do Brasil) foi suspensa, após uma reunião na última terça (2) entre o presidente da estatal, Emmanoel Rondon, e integrantes do Ministério da Fazenda.

Por meio de nota, a direção dos Correios afirma que o Tesouro Nacional “não permitiu contratações com juros acima do limite defendido para as operações com garantia da União”. A direção da estatal disse que tentará buscar novas alternativas e negociar melhores condições para obter o crédito (que – pasmem – tem risco nulo para os bancos, o que deveria facilitar juros mais baratos).

“A diretoria-executiva segue trabalhando, em conjunto com os Ministérios, na avaliação de alternativas que reforcem a liquidez imediata dos Correios, assegurando o andamento das iniciativas necessárias para a recuperação financeira da estatal”, diz outro trecho da nota do Correios.

Há uma campanha voraz no país pela privatização dos Correios como solução para os problemas financeiros da empresa. Os Correios ao longo das últimas duas décadas, por ter obtido resultados positivos, repassou altas somas em dividendos à União. Hoje, encontra-se em dificuldades financeiras geradas por queda de receitas e aumento de custos.

Além disso, como efeito do baixo nível de investimento e do sucateamento de seus serviços nos governos Temer e Bolsonaro, os Correios perderam espaço no mercado de encomendas, de 51% para 25%, para empresas estrangeiras como Mercado Livre, Amazom, Shoppe, entre outras – que passaram a ocupar as regiões consideradas com o filé mignon dos serviços postais. A precarização do trabalho por parte dessas empresas tem caracterizado uma concorrência desleal com a empresa pública.

Além disso, nas regiões onde as atividades não são lucrativas, os serviços da estatal continuam sendo feitos. As cidade mais longínquas e pobres do Brasil seguem sendo atendidas pelos Correios que deixou de obter ganhos nos municípios mais lucrativos do país.

Sendo a única empresa pública federal presente em todo território brasileiro, que garante a universalização postal no país e que tem uma função estratégica para o país, os Correios deveria ser ajudado financeiramente pelo Tesouro Nacional ou ser capitalizado por bancos públicos de fomento, como BNDES, que vem financiando com juros menores empresas nacionais privadas e multinacionais.

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