Em live realizada na noite de quinta-feira (25), Jair Bolsonaro, ao lado do ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que vai prorrogar o auxílio emergencial, “mas não está definido, prorrogar por mais dois meses, vai partir para uma adequação… em três parcelas, deve ser R$ 500, R$ 400, R$ 300”.
Guedes, reforçando Bolsonaro, disse que a ideia era “espetacular”, que o auxílio estava em R$ 600, mas “na medida em que a economia começa a se recuperar, as pessoas vão se habituando, era 600 cai para 500…”.
A previsão do Banco Central para a atividade econômica este ano passou de estagnação (0%) para retração de -6,4%, segundo o Relatório Trimestral de Inflação (RI) divulgado na mesma quinta-feira (25). No dia anterior, o Fundo Monetário Internacional (FMI) disse que a economia do Brasil vai encolher -9,1% em 2020.
O auxílio emergencial, que no início Guedes propôs que fosse de R$ 200, o valor de “uma cesta básica”, foi ampliado pelo Congresso Nacional para R$ 600 para amparar os milhões de brasileiros que foram atingidos pelas medidas necessárias de quarentena que paralisaram diversas atividades da economia.
São trabalhadores informais, microempreendedores individuais, autônomos e desempregados. Cerca de 64 milhões de pessoas foram beneficiadas com o auxílio, de um total de 100 milhões de brasileiros que fizeram o cadastro junto à Caixa Econômica Federal.
Por lei, o auxílio pode ser prorrogado por mais três meses pelo valor de R$ 600. Caso Bolsonaro queira mudar o valor, terá que passar pelo Congresso Nacional. Muitos economistas defendem, que diante da gravidade da crise, o auxílio deve, não só se manter em R$ 600, como durar pelo menos enquanto dure o estado de calamidade pública, 31 de dezembro de 2020.
O auxílio emergencial não é uma ajuda para “esse pessoal que estava desatendido, a faxineira, o menino que vendia bala…”, como disse Guedes, “para brasileiros que nunca haviam pedido ajuda para ninguém”.
O auxílio emergencial veio no momento de grave crise sanitária que obrigou a paralisação das atividades econômicas para salvar a vida de milhões de brasileiros, numa economia já estagnada, com quase 40 milhões de trabalhadores na informalidade, sem carteira de trabalho ou vivendo de “bico”, um recorde do governo Bolsonaro.
O auxílio é tão decisivo quanto o crédito às micro, pequenas e médias empresas – que continua empoçado nos bancos – para a sobrevivência das empresas e a manutenção dos empregos de milhões de brasileiros.
Nessa crise sanitária e econômica, que não “começa a se recuperar”, como disse Guedes, mais de 55 mil brasileiros perderam suas vidas e a curva de casos continua crescendo, assim como as medidas de quarentena continuam sendo necessárias em várias cidades.
Com a economia atingida pela pandemia, todos os índices de produção da indústria, vendas do comércio e serviços desabaram em abril, ao contrário do que diz Guedes.
A produção industrial caiu 18,8%, as vendas no varejo recuaram 16,8%, inclusive no segmento de supermercados e de artigos farmacêuticos, considerados essenciais na pandemia e que não tiveram suas atividades suspensas. O setor de serviços recuou 11,7%, a terceira queda seguida.
Segundo o IBGE, “o distanciamento social provocado pela pandemia de Covid-19 deixou 9,7 milhões de trabalhadores sem remuneração em maio de 2020. Isso corresponde a mais da metade (51,3%) das pessoas que estavam afastadas de seus trabalhos e a 11,7% da população ocupada do país, que totalizava 84,4 milhões”.