Na sexta-feira (24) milhares de pessoas abraçaram o Hospital Universitário da USP contra a absurda decisão do governo Alckmin e da reitoria da USP de fechar o hospital de eniisno da Universidade de São Paulo. A reitoria da USP resolveu se desfazer do HU em 2014, alegando que sua manutenção não é de responsabilidade da Universidade. Como o governo do Estado também descartou assumir a responsabilidade pelo serviço, a reitoria passou a estrangular o hospital deliberadamente.
Desde 2014, saíram mais de 300 funcionários, entre médicos, enfermeiros, nutricionistas, servidores administrativos, etc, nos planos de demissão voluntárias implantados pela USP. Os que permaneceram trabalhando estão sendo obrigados a cumprir carga horária muito acima do que eles podem suportar. Apesar dos servidores se dedicarem acima de suas possibilidades para manter o serviço, o agravamento da situação gerou mais pedidos de demissão. Os serviços foram reduzidos. Houve fechamento de leitos de diversos setores do HU. Na semana passada o pronto socorro de pediatria fechou as portas. Espera-se para o início de dezembro o fechamento do PS adulto.
Os mais prejudicados com essa atitude irresponsável da reitoria da USP e do governo do Estado serão os estudantes dos diversos cursos, que utilizam o HU como plataforma de ensino, e a população da região do Butantã, que tem no HU a única referência em emergências na região. A rede municipal é administrada há anos por Organizações Sociais e é extremamente deficitária na Zona Oeste de São Paulo, como também em todo o resto da cidade.
Para os estudantes de Medicina, em greve desde o último dia 6, o Hospital das Clínicas, também ligado à Faculdade de Medicina da USP, não supre a parte prática. Os casos atendidos ali, de alta complexidade, não proporcionam experiência no atendimento de problemas de saúde mais cotidianos como os que eles vêm no HU. Os alunos consideram o HU como um hospital de excelência. Para aumentar a resistência, os estudantes da Enfermagem também entraram em greve no último dia 16. “O reitor, Marco Antonio Zago, ainda não deu explicações sobre como vai ficar essa questão se ele fechar o hospital, como pretende.” Os estudantes de medicina já perceberam o grande prejuízo que terão em sua formação com o fechamento do HU e por isso entraram em greve e estão exigindo contratações imediatas pela USP.
O curso de Medicina é dos mais concorridos da Universidade de São Paulo. O governo do estado diz que não vai destinar mais recursos, mas abriu mão de pelo menos R$ 14,6 bilhões neste ano com desonerações. Apesar de ter havido um grande crescimento de alunos e de unidades, os recursos transferidos pelo estado não aumentaram na mesma proporção. Foram destinados apenas R$ 10,2 bilhões para serem rateados pelas três universidades estaduais – USP, Unicamp e Unesp. Nesta situação os futuros médicos ainda não sabem onde vão cumprir a parte prática do curso.
O ato desta sexta-feira culminou com a entrega de uma carta à reitoria da USP. O Coletivo Butantã na Luta, que organizou o ato, soltou carta aberta à população, explicando a gravidade da situação e ressaltando a importância do HU. E pede ao reitor: “Assuma sua responsabilidade como médico e professor. Não mate um projeto acadêmico e humanitário, reconhecido e vitorioso, em troca de migalhas frente ao investimento total”.
Estiveram presentes várias entidades e parlamentares apoiando a luta dos estudantes, funcionários e moradores da região do Butantã. Discursaram os deputados Federais Ivan Valente, Major Olímpio, Orlando Silva e Zaratini. Falaram também os deputados estaduais Carlos Nader e Gianazzi e a vereadora Sâmia Bomfim. Todos contra o fechamento do HU. “O responsável por esta situação é o governador Geraldo Alckmin. Ele não pode deixar a população desta região sem atendimento hospitalar”, destacou o deputado Major Olímpio.