Votação no Conselho de Segurança mostrou o atual isolamento dos EUA.
Votação no Conselho de Segurança da ONU nesta segunda-feira (18) que pedia – sem citar nominalmente – a retirada do “reconhecimento” pelo governo Trump de Jerusalém como capital israelense mostrou o atual isolamento dos EUA em toda a sua dimensão, com todos os demais países contra, e ao final só restando o veto a Washington: 14 votos contra – todos os demais -, e a embaixadora de Trump, Nikki Haley, inteiramente só e apoplética. A resolução foi apresentada pelo governo do Egito.
O projeto de resolução afirmava que “quaisquer decisões e ações que pretendam ter alterado o caráter, status ou composição demográfica da Cidade Santa de Jerusalém não têm efeito legal, são nulas e devem ser rescindidas em conformidade com as resoluções relevantes do Conselho de Segurança”. O embaixador egípcio Amr Abdellatif Aboulatta, também solicitou que não sejam estabelecidas missões diplomáticas em Jerusalém.
Votaram contra a provocação de Trump: Rússia, China, França e Grã Bretanha – todos membros permanentes do Conselho de Segurança -, e mais todos os dez membros eleitos (não permanentes): Egito, Senegal, Angola, Japão, Malásia, Uruguai, Venezuela, Nova Zelândia, Espanha e até a Ucrânia.
O representante francês na ONU disse em seu discurso que os EUA ainda deviam “explicar a compatibilidade de sua decisão [sobre Jerusalém] com o consenso internacional”. Ele também acrescentou que a França “lamentava” o apego de Washington a seu erro e que o resultado da votação “se tornou um símbolo da vontade dos membros do Conselho de Segurança da ONU de confirmar seu apego ao direito internacional”.
Ao votar a favor da resolução pela retirada do reconhecimento de Trump, o enviado adjunto da Rússia junto à ONU, Vladimir Safronkov, assinalou que qualquer tipo de ação unilateral em relação a Jerusalém “aumenta o risco de um conflito” na região e torna as conversações diretas, bem como o processo de paz como um todo “mais difícil”. Ele chamou ainda a atenção para o fato de que a questão de Jerusalém é “a questão mais sensível na arquitetura [do processo de paz palestino-israelense]”.
O embaixador chinês junto à ONU, Wu Haitao, reiterou o apoio de Pequim ao projeto de resolução que, considerou, estava “estava em conformidade com as resoluções anteriores do Conselho de Segurança e foi uma continuação do conteúdo e do espírito das resoluções passadas”. “Nós apoiamos a justa causa de restaurar os legítimos direitos nacionais do povo palestino, apoiamos o estabelecimento de um Estado da Palestina totalmente independente e soberano baseado nas fronteiras de 1967 com Jerusalém Oriental como sua capital. Essa posição da China não mudará”, destacou.
Matthew Rycroft, embaixador britânico nas Nações Unidas, disse que seu país discorda das decisões dos EUA de reconhecer unilateralmente Jerusalém como a capital de Israel e mover a embaixada dos EUA para Jerusalém, de Tel Aviv. “Essas decisões são inúteis para as perspectivas de paz na região, um objetivo que todos nós neste conselho continuamos comprometidos”, disse ele ao Conselho de Segurança.
“A embaixada britânica em Israel tem sede em Tel Aviv e não temos planos de movê-la”, acrescentou Rycroft, apontando que a posição de seu país sobre a questão é bem conhecida. “O status de Jerusalém deve ser determinado através de um acordo negociado entre israelenses e palestinos. Londres também considera Jerusalém Oriental, que Israel capturou em 1967, como parte dos territórios palestinos ocupados”.
Mais perdida do que cachorro em dia de mudança, a embaixadora ianque Haley chamou de “insulto” o que estava sendo testemunhado no CS da ONU, o ostracismo dos EUA. “Não será esquecido”, ameaçou, dizendo “ninguém nos diz onde colocamos nossa embaixada”. Como a liderança palestina já respondera, “querem dar Jerusalém como se fosse uma cidade americana”.
Ainda segundo Haley, o veto foi “em defesa da soberania americana” e do papel da América “no processo de paz no Oriente Médio”. Questão sobre a qual o líder palestino Mahmoud Abbas já esclarecera que “só sendo doido” para colocar os EUA como “mediador de paz”.
Haley ainda passou recibo, dizendo que o resultado “não é fonte de constrangimento”. Na reunião do parlamento egípcio em que o presidente Abdel Al Sisi anunciou a resolução contra a provocação de Trump, todos os deputados usavam uma faixa com os dizeres “Jerusalém é Árabe”. No dia da votação no CS, 80 mil pessoas foram às ruas em Jacarta, capital da Indonésia em apoio aos palestinos. Na semana passada, cúpula dos 57 países da Organização de Cooperação Islâmica reafirmou que Jerusalém Oriental ocupada é a capital da Palestina, e pediu a todos os países o reconhecimento oficial.
O porta-voz do presidente palestino, Nabil Abu Rudeineh, disse em uma declaração oficial que o veto dos EUA ao projeto de resolução “está contra o consenso internacional e viola as resoluções internacionais legítimas e as resoluções do Conselho de Segurança. É um preconceito total pró ocupação e pró agressão”.
O chanceler palestino Riyad Al Maliki afirmou que os palestinos buscarão a convocação de uma sessão especial de emergência da Assembleia Geral da ONU para debater a provocação de Trump. Ele disse que a comunidade internacional irá considerar a decisão do presidente Trump como “nula e sem efeito”. É uma votação que não tem caráter impositivo, mas com grande peso político. Já o vice-presidente norte-americano Mike Pence adiou para a fevereiro a viagem ao Oriente Médio que estava marcada para esta quarta-feira, após recusa da Autoridade Palestina e dos líderes religiosos coptas [cristãos] e islâmicos egípcios em recebê-lo.
ANTONIO PIMENTA
Uma cidade não pode ser dividida entre dois ou mais países. Para qualquer Cristão (Bíblia) Jerusalém pertence à Israel
Você está errado. Nenhum cristão pode ser a favor da opressão, chacina, “limpeza étnica”, dos palestinos pelos israelenses, que é o que significa essa conversa de que Jerusalém pertence a Israel. Por isso, os EUA ficaram completamente isolados até no Conselho de Segurança da ONU. Não acreditamos que seja o seu caso, mas, certamente, um cristão pode trocar Jesus por Pilatos – ou até por Hitler. Mas aí já não será um cristão, não é?