O professor de economia Elias Jabbour, que há 25 anos pesquisa sobre a China, abordou em vídeo da TV Grabois a questão de como o país asiático, o primeiro a ser atingido pela pandemia, teve a capacidade de desenvolver quatro das cinco primeiras vacinas a ficarem prontas no mundo, de 36 que estão sendo fabricadas no mundo inteiro.
É que na China os setores estratégicos estão sob controle estatal, inclusive a indústria farmacêutica. São quatro conglomerados (empresa-mãe mais sucursais) estatais, que foram chamados pelo governo chinês a uma corrida para desenvolver a vacina: Sinovac, Cansino, Biologics e Sinopharm.
Só a Sinovac (a da Coronavac) tem 150.000 funcionários, em grande parte cientistas e técnicos, e 1500 subsidiárias.
E isso foi feito sob a concepção, apresentada pelo presidente Xi Jinping, de que a vacina deveria se tornar um bem comum da humanidade.
Assim, além de vacinar um Uruguai por dia – 3 milhões de pessoas vacinadas – a China exportou 150 milhões de doses até agora. Em comparação, os Estados Unidos não exportou para ninguém, ao contrário, está fazendo estoque de vacina. A Inglaterra, também.
Junto com Cuba, a China também está doando vacinas para as 36 nações mais pobres do mundo.
Jabbour enfatizou que a China é um país governado pela ciência, pela busca da inovação, não tem essa loucura de teto de gasto do Guedes, de só olhar o curto prazo (ou de virar jacaré caso se vacine).
Ele lembrou o Nobel de Economia Paul Romer, um liberal, premiado justamente por seu trabalho sobre a importância do processo de inovação tecnológica para o avanço econômico, sobre a necessidade de trabalhar na fronteira da ciência.
Jabbour destacou ainda que a China não se enredou no falso dilema da ‘vida ou economia’. Protegeu a vida, fazendo o lockdown de dois a três meses, amparando as famílias, e graças à ação efetiva do Estado, foi a primeira economia a sair da crise e a crescer.