A prática petista de fazer campanha com discurso de esquerda e, depois de eleito, governar para a direita, ou seja, o famoso estelionato eleitoral – que marcou indelevelmente o governo Dilma – está desmoralizada. Tanto que o coordenador de Lula, Fernando Haddad, que faz o programa de um candidato inelegível (Lula está preso e condenado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro), já está anunciando desde já que seu partido sabe como fazer a reforma da previdência, que Temer não conseguiu. As declarações de Haddad sobre como reformar a Previdência foram feitas nesta quinta-feira (02), em entrevista ao InfoMoney.
“É preciso fazer uma arrumação, sempre dialogada com o trabalhador, como nós fizemos”, explicou. “Você não vai chegar ao consenso, mas vai chegar à maioria para aprovar”, disse Haddad. Ou seja, o que ele está dizendo é que se o PT chegasse no governo de novo, eles chamariam a “CUT amestrada” para “negociar” a aprovação da reforma da previdência. Em suma, eles iam “negociar” com os trabalhadores a retirada dos direitos conquistados ao longo das últimas décadas. Quem tem dúvida que eles fariam isso, não pode esquecer que foi o PT que aprovou o fim da aposentadoria integral do servidor público. O PSOL sabe muito bem como foi isso.
Haddad explica que o “erro” de Temer foi fazer tudo de uma vez sem “negociar”. “Temer cometeu alguns erros graves”, diz Haddad. “Ele misturou SUAS (Sistema Único da Assistência Social), Regime Geral, Regime Próprio, tudo em um pacote só. Resultado: ganhou tantos inimigos, que não conseguiu sair do lugar”, afirmou o porta-voz de Lula. Foi Dilma a primeira a falar em redução da idade mínima para a aposentadoria. Nesta época o governo petista montou um “fórum da Previdência” para tentar enrolar os trabalhadores com a conversa mole de que a Previdência não tinha sustentação, e outras neoliberalices.
Agora o petista dá uma aula a Temer de como tem que agir para aprovar a reforma da previdência. “O que, de certa maneira, aconteceu no governo Temer, foi isso. Você não pode, neste momento de crise, penalizar trabalhador rural e os beneficiários de prestação continuada. Se tem que mexer nisso em algum momento, não é agora, é quando a renda e o emprego estão crescendo”, disse. Então o problema de tirar esses direitos é só um problema de ocasião. Tem que golpear o trabalhador na hora certa. É por causa dessas ideias que não se notam mais diferenças entre PT e PSDB. É só uma questão de ocasião para atacar o povo.
Haddad continuou ensinando Temer como se deve fazer . “Então, você mistura o sujeito que ganha auxílio-moradia de R$ 4 mil, acima do teto constitucional, com o trabalhador rural, que se aposenta com um salário mínimo e com expectativa de vida 10 anos menor do que a média nacional… Se botar isso tudo no mesmo pacote, o fracasso era garantido”, argumentou.