A Autoridade de Energia Elétrica (AEE) de Porto Rico anunciou que, paralisada pelo violento corte de recursos, será obrigada a “economizar”, comprometendo ainda mais a frágil rede da ilha caribenha devastada pela passagem do furacão Maria. Cinco meses após a tragédia, que destruiu duas terças partes da rede elétrica da ilha, 250 mil pessoas continuam sem luz.
A decisão de reduzir a geração de energia ocorreu poucos dias após a juíza Laura Taylor rechaçasse, a partir de Nova Iorque, a petição de um empréstimo de US$ 1 bilhão para que a AEE fizesse os investimentos necessários. Sob o argumento estapafúrdio de que não haveria suficientes “provas” que mostrassem a necessidade do financiamento, a juíza se alinhou à pressão do governo dos EUA pela privatização da estatal e inviabilizou o funcionamento da estrutura pública.
Sem recursos e diante da gravidade dos problemas a serem resolvidos, a direção da AEE alertou que a companhia só deve conseguir continuar funcionando até março. Até o governador da ilha, Roberto Rosselo, geralmente um fiel seguidor da política de Washington, ergueu a voz e responsabilizou o Departamento do Tesouro dos EUA pelo iminente colapso do sistema.
Para o secretário-geral da Coordenadora Unitária dos Trabalhadores do Estado (CUTE) de Porto Rico, Federico Torres, a política do garrote aplicada pelas autoridades estadunidenses visa claramente a desnacionalização deste setor estratégico. “A privatização da energia é uma medida absurda e torpe que golpeia a classe trabalhadora e os mais humildes do país”, condenou o sindicalista.