Milhares de porto-riquenhos se somaram a paralisação geral do Primeiro de Maio para condenar o ajuste perpetrado pelos EUA contra a ilha. Para os manifestantes, a destruição deixada pelo furacão Maria somada aos cortes contra os diversos direitos sociais, entre os quais a educação e previdência, semeará ainda mais destruição na Ilha.
Porto Rico tem status de “estado livre associado” aos Estados Unidos. Na verdade, só é “livre” para manter-se como colônia de Washington e seu povo é tratado como cidadãos de segunda categoria.
A principal manifestação foi organizada em San Juan, sob o slogan: “Nós não vamos parar!” Lá foi organizada uma marcha pela Avenida Ponce de Leon, localizada no coração financeiro do país. Embora fosse uma manifestação pacífica, a tropa de choque entrou em ação e espalhou o caos para dispersar os manifestantes com suas bombas de gás lacrimogêneo. Pelo menos treze pessoas foram presas e mais de 15 ficaram feridas.
A ira dos manifestantes foi voltada principalmente contra o impopular Conselho Fiscal de Supervisão, afirmou Edwin Morales Laboy, que é vice-presidente da Federação de Professores. Ele disse que o órgão foi responsabilizado pelo acompanhamento das finanças do governo depois da explosão da dívida de US$ 72 bilhões com alguns dos principais bancos dos EUA. “É uma entidade que não foi eleita pelo povo de Porto Rico e mesmo assim dirigem a política de ajuste contra o nosso povo”.
“Fazemos parte do povo que exige bem-estar e melhores condições para nossos filhos. Cada vez mais pessoas se unem a essa luta para impedir que as escolas fechem, para aumentar as matrículas da Universidade de Porto Rico, contra os cortes da aposentadoria e contra a demissão dos funcionários públicos”, afirmou a líder estudantil, Raquel Delgado, do grupo “Se acabaron las promesas”, ao criticar a política de “ajustes”.
Para o estudante de ciências políticas, Carlos Cofiño (20), “o que estamos vivendo por aqui é demais. Precisamos expressar nossa indignação e informar ao governo que há muitas pessoas que estão sofrendo”. Ele afirmou que para muitos a greve geral no primeiro de maio pode soar estranha, mas em Porto Rico o dia dos trabalhadores é um dia útil normal para todos os porto-riquenhos.