Ex-presidente teve pedido de reaver o passaporte negado pelo ministro Alexandre de Moraes, que apontou “risco de fuga” do ex-mandatário, indiciado em 3 processos diferentes na Suprema Corte
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) queixou-se, nesta segunda-feira (20), da decisão do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Alexandre de Moraes, que negou, mais uma vez, a devolução do passaporte do ex-mandatário para ir à posse de Donald Trump.
Para o ex-chefe do Executivo, a negativa “é uma coisa inacreditável”. Na decisão, Moraes afirmou que havia risco de fuga do ex-presidente, indiciado em 3 processos diferentes na Suprema Corte.
“Eu fui convidado, apesar das fake news de alguns, a imprensa do mundo todo divulgou isso aí, como a imprensa do mundo todo está divulgando que eu não pude ir para lá por causa da decisão de um juiz, um juiz que é o dono de tudo aqui no Brasil, é dono da sua liberdade”, resmungou o ex-presidente.
“Ele abre inquérito, ele te ouve, ouve o delator, ele é o promotor, ele é o julgador, ele encaminha o juiz pra fazer parte da audiência, tudo ele. Tira o seu passaporte… eu não sou réu, pô.” “Ah ele pode fugir”, eu posso fugir agora, qualquer um pode fugir”, afirmou Bolsonaro em live do portal e rádioweb bolsonarista “Auriverde Brasil”.
BARRADOS
Na posse de Trump, que ocorreu ao longo do dia e noite, desta segunda-feira (20), Jair Bolsonaro alegou que seu filho, deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL), acompanhado da ex-primeira-dama, Michelle Bolsonaro, iam representá-lo.
Entretanto, ambos foram barrados e não entraram no Capitólio para acompanhar a posse de Trump.
Bolsonaro não apresentou à Justiça documento oficial para comparecer à posse de governo estrangeiro, o que consolidou a suspeita em Alexandre de Moraes de que a viagem era um álibi do “mito” para fugir do Brasil, uma vez que está em vias de ser preso por suas atividades antipatrióticas, como tramar para dar um golpe nas instituições brasileiras.
PARLAMENTARES VIAJAM PARA BATER PERNA
No local, ainda há comitiva de 21 parlamentares de oposição ao governo do presidente Lula (PT), que está nos EUA para a ocasião. Mas nenhum desses parlamentares foram formalmente convidados. Foram aos EUA bater perna e gastar recursos públicos do Brasil. Assistiram a posse pela TV americana nos EUA.
O governo brasileiro deve ser representado oficialmente apenas pela embaixadora do Brasil em Washington, Maria Luiza Viotti. O presidente Lula (PT) não participou do evento, já que não foi formalmente convidado.
“A GENTE CHORA”
Bolsonaro, que acompanhou Michelle ao Aeroporto de Brasília no último sábado (18), quando ela embarcou para os EUA, afirmou que “queria estar ao lado dela” e por isso “a gente chora”.
Patético, o ex-presidente, homem com mais de 60 anos, se comporta como adolescente mimado que teve desejo negado. Desse modo, ele prolonga assunto absolutamente secundário, para dizer o mínimo, da imensa maioria do povo brasileiro.
“Minha esposa está lá, fazendo o trabalho dela, muito discreto, logicamente eu queria estar ao lado dela e por isso a gente chora, por que que não chora? Ou eu sou uma máquina? Eu tenho as minhas fraquezas”, disse o ex-presidente na entrevista desta manhã.
No sábado, Bolsonaro seguiu na choradeira e afirmou a jornalistas que estava “chateado, abalado ainda, mas eu enfrento uma enorme perseguição política”.
VIAGEM AOS EUA
O ministro Alexandre de Moraes negou mais uma vez, na última semana, a devolução do passaporte de Bolsonaro e, portanto, impediu que ele viajasse aos EUA para a posse de Donald Trump.
A decisão seguiu o entendimento da PGR (Procuradoria-Geral da República), que se manifestou de maneira contrária à liberação do documento e à autorização da viagem. Leia a matéria: “PGR se manifesta contra viagem de Bolsonaro para ir bajular Trump nos EUA”.
O procurador-geral afirmou a Moraes, na última quarta-feira (15), que não há, no pedido da defesa de Bolsonaro, evidência de que a viagem aos Estados Unidos “acudiria a algum interesse vital” do ex-presidente.
Bolsonaro recorreu da decisão, mas teve o pedido novamente negado.
Na decisão, o ministro destacou que o ex-presidente pode proceder “da mesma maneira como vem defendendo a fuga do País e o asilo no exterior para os diversos condenados com trânsito em julgado pelo plenário do STF, em casos conexos à presente investigação”.