Juros altos e inadimplência aceleram os saques na mais tradicional poupança dos brasileiros. Todos os três meses do início do ano tiveram saldos negativos: janeiro (R$ 33,6 bilhões), fevereiro (R$ 11,5 bilhões) e março (R$ 6,1 bilhões)
A caderneta de poupança, a mais popular aplicação do brasileiro, registrou a maior retirada de recursos no primeiro trimestre deste ano. Um recorde da série histórica iniciada em 1995, refletindo o ambiente de juros elevados e endividamento das famílias que padecem da queda da renda e elevado desemprego.
De acordo com dados do Banco Central (BC), divulgados na quinta-feira (6), o saldo de saques de janeiro a março deste ano foi de R$ 51,2 bilhões, uma alta nominal de 26,9% em comparação com o saldo negativo do ano passado. No primeiro trimestre deste ano, a caderneta de poupança somou R$ 908,4 bilhões em depósitos. No entanto, foram sacados no período 959,6 bilhões. Todos os três meses do início do ano bateram saldos negativos: janeiro (R$ 33,6 bilhões) recorde na série, fevereiro (R$ 11,5 bilhões) e março (R$ 6,1 bilhões).
Há anos que a poupança não registra entrada líquida no primeiro trimestre. O volume total de recursos aplicados na poupança caiu R$ 31,6 bilhões de dezembro de 2022 a março de 2023. Já a rentabilidade da caderneta proporcionada neste período foi de R$ 19,8 bilhões, o maior valor da série histórica.
Poupar dinheiro no Brasil ficou ainda mais complicado num contexto de baixo crescimento econômico puxado pelos juros altos – Selic a 13,75% ao ano – que está restringindo a demanda de bens e serviços no país e fazendo com que as dívidas dos brasileiros explodam virando uma bola de neve.
Em fevereiro, o Brasil atingiu a marca de 70,5 milhões de inadimplentes, ou seja, pessoas que não conseguem pagar suas dívidas e têm seus CPFs negativados. De acordo com a Serasa Experian, no mês, foram mais 433 mil registros de pessoas que não conseguiram quitar suas dívidas no país. O cartão de crédito com seus juros extorsivos continua sendo a modalidade com o maior número de brasileiros inadimplentes (31,6% das dívidas).
Os juros no cartão de crédito, puxada pela alta da Selic, chegaram a 411% ao ano (média), de acordo com o último dado do Banco Central. As outras dívidas em destaques são as contas básicas (21,7%) e com o setor de varejo (11,2%).