Com os preços dos alimentos na Lua, os produtos tradicionalmente consumidos na “Black Friday”, como aparelhos eletrônicos, TVs, celulares, por exemplo, perderam espaço para comida e produtos de higiene, entre outros itens básicos
Diante da carestia, do desemprego e da queda na renda, o badalado “Black Friday” foi considerado por lojistas o pior dos últimos anos, assim como para os consumidores que não lotaram as lojas a exemplo de anos anteriores. As promoções não convenceram os brasileiros que viram o salário minguar diante da disparada nos preços dos alimentos, da gasolina, do gás de cozinha e da conta de luz. E foram às compras na Black Friday levar comida e itens básicos, antecipando o Natal e as festas de fim de ano.
Com a inflação em escalada, os produtos tradicionalmente consumidos na Black Friday, como aparelhos eletrônicos, TVs, celulares, por exemplo, perderam espaço para alimentos, bebidas, itens de higiene, entre outros itens básicos.
Segundo Fernando Yunes, representante do Mercado Livre no Brasil, dos dez produtos mais vendidos pelo site de vendas durante a Black Friday, oito foram de supermercado, categoria que cresceu 540% em volume na edição deste ano do evento, que ocorreu na sexta-feira (26). “As famílias com o poder aquisitivo pressionado queriam trocar de celular e resolveram segurar mais um pouco. Decidiram pegar promoções de itens de gasto recorrente, como papel higiênico, alimentos em bastante volume, produtos de cozinha, de limpeza, comida de pet”, disse Yunes, em entrevista à Folha. O portal de vendas representa cerca de 30% das vendas no mercado digital.
Na avaliação dos lojistas, essa foi a pior Black Friday da história, desde que o evento chegou ao país em 2010. Na comparação com 2020, o evento de promoções teve queda de até 5% nas vendas da internet – lugar onde os negócios têm maior volume. Sendo que no ano passado, em plena pandemia, a inflação já disparava, o desemprego batia recordes e a renda desabava, e as vendas caíam.
Com o dólar nas alturas, os preços dos eletroeletrônicos continuaram subindo. Sem promoções reais ao consumidor, mesmo diante da carestia, o “Black Friday”, importado dos EUA, continua uma chacota na boca do povo: “tudo pela metade do dobro“.