O arroz subiu 37,5%, o feijão preto aumentou 18,46% e as carnes bovinas pesaram bastante no prato do brasileiro, com alta de 32,69%
Com a disparada no preço do arroz e das carnes, o popular “prato feito”, o conhecido PF, ficou também bem mais caro, O custo para fazer uma refeição completa composta por 10 itens apresentou um crescimento médio de 22,57% no último ano. O número é quase o dobro da inflação identificada no grupo de Alimentos do IPC, de 11,8% no período.
O preço do arroz e do feijão, principais alimentos do “prato feito” do brasileiro, subiu mais de 60% nos últimos 12 meses, apontou levantamento recente realizado pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre-FGV). O arroz subiu 37,5%, o feijão preto aumentou 18,46% e as carnes bovinas pesaram bastante no prato do brasileiro, com alta de 32,69%.
O reajuste nos preços, que acompanha uma verdadeira crise inflacionária no país, foi 10 vezes maior do que a variação do IPC (Índice de Preços ao Consumidor) indicador geral de preços também calculado pela FGV.
Item a item, a pesquisa aponta o seguinte aumento de preços em 12 meses:
Arroz: +37,5%;
Feijão preto: +18,46%;
Carne bovina: +32,69%;
Frango inteiro: +22,73%;
Tomate: +37,24%;
Alface: +9,74%;
Ovos: +13,5%.
A raiz do problema da inflação dos alimentos está na política econômica adotada pelo atual governo. Sem estoque regulador para o mercado interno e entregando tudo às exportações para aproveitar a remuneração dos preços internacionais, a população brasileira fica proibida de consumir por contas dos preços do que sobra.
“O câmbio desfavorável leva ao crescimento das exportações, sobretudo dos cereais e das carnes, favorecendo a redução da oferta interna e pressionando os preços”, justifica Matheus Peçanha, pesquisador do Ibre FGV. Ele acrescenta que a inflação também é reflexo das condições climáticas – mais uma razão para que o governo priorizasse o mercado interno.
A soja, principal commoditie exportada pelo país, também contribui para o fenômeno. Junto do milho, o farelo dos produtos é o que alimenta os gados – repassando os custos também para a produção pecuária e explicando o por quê ficou impossível para os mais pobres consumir carne.
Incluído no custo de Habitação nas pesquisas de inflação, o preço do botijão de gás – que chega a custar R$ 120 em alguns locais do país – dificulta ainda mais a vida dos brasileiros, especialmente dos mais pobres.
O desemprego recorde e o corte no auxílio emergencial agravam a crise e fazem a pobreza disparar. Reportagem recente do programa Fantástico, mostrou uma monstruosa fila de pessoas em Cuiabá para recolher os restos de ossos que um açougue local entrega para doação.
“Está quase impossível fazer frente aos grandes aumentos com o Auxílio Emergencial de R$ 150. Quandos as políticas públicas não alcançam, as pessoas vão começar a depender de caridade”, completa Peçanha.
Pesquisa realizada pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) aponta que a proporção entre o valor de uma cesta básica e do salário mínimo em julho foi de quase 60%. Ou seja, uma cesta custou em julho mais que a metade do valor do salário mínimo atual, de R$ 1.100.