O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), defendeu a democracia e criticou o presidente Jair Bolsonaro durante coletiva de imprensa, nesta sexta-feira, 29. “O Brasil não será nazista, não será fascista. Será livre e democrático. A ditadura não vai voltar ao Brasil”.
Doria criticou a falta de ação de Bolsonaro no combate a pandemia do novo coronavírus. “Na semana em que o Brasil se torna o epicentro mundial da pandemia, o governo federal se mostra ausente. Ausente no principal problema do País, o combate ao coronavírus, ausente na luta para salvar vidas, ausente no apoio aos profissionais de saúde e ausente na solidariedade aos mortos e enfermos”, criticou.
“Precisamos trocar o gabinete do ódio pelo gabinete do diálogo”, disse o governador de São Paulo, em referência à operação da Polícia Federal que investiga aliados do presidente no inquérito das fake news que tramita no Supremo Tribunal Federal.
“Ouvimos também essa semana mais uma vez palavras que ofendem a memória de judeus e de milhões de pessoas perseguidas pelo nazismo, palavras contra memória de todos que sofreram violências e árbitros de regimes autoritários. Vamos parar com essa marcha da insensatez e com as ameaças à democracia e as liberdades fundamentais”, disse o governador criticando os discursos do ministro da Educação, Abraham Weintraub, que vem diariamente comparando a conjuntura atual com a Alemanha Nazista.
“Vamos parar com essa marcha da insensatez e com as ameaças à democracia e às liberdades fundamentais. Vamos respeitar o ser humano, vamos respeitar a história. A história verdadeira, real”, pediu Doria. “Brasília precisa associar-se à razão, ao bom senso. Precisamos de um governo de construção nacional e não de destruição.”
Retomada das atividades na Região Metropolitana em etapas
Doria anunciou que a Região Metropolitana da capital será dividida em cinco regiões no âmbito do Plano São Paulo, que prevê a retomada das atividades econômicas no estado a partir de 1º de junho.
A subdivisão permite a classificação individualizada das regiões, de acordo com características demográficas e critérios técnicos de saúde, como a capacidade hospitalar para atendimento COVID-19 e a taxa de avanço de casos e mortes provocadas pelo coronavírus.
“A Grande São Paulo será dividida em cinco regiões de saúde no Plano São Paulo. Por abrigar mais de 22 milhões de habitantes, contar com uma organização de saúde com distribuição de leitos e internação hospitalar própria. Devido ao tamanho e complexidade, além da capacidade e disposição dos prefeitos, cada uma destas cinco regiões será avaliada individualmente”, informou Governador João Doria.
A decisão foi tomada após os prefeitos da Grande São Paulo questionarem a classificação “vermelha” da região, enquanto a capital paulista estaria na “zona laranja”. As análises regionalizadas serão realizadas semanalmente e indicarão reclassificação da atual fase vermelha, de nível máximo de restrição, para as que permitem abertura controlada de atividades não essenciais.
“Com essa divisão, será possível ter uma análise ainda mais precisa de critérios técnicos de saúde para classificação apropriada de fases de retomada consciente na Região Metropolitana”, acrescentou Doria.
A divisão foi feita com base na lei complementar nº 1.139, de junho de 2011, que prevê as redes regionais de Assistência à Saúde na Região Metropolitana, com a especificação das sub-regiões.
O Secretário de Desenvolvimento Regional, Marco Vinholi, informou que participa de reuniões para dialogar com os prefeitos, mas ainda não há previsão de migração dos municípios da Grande São Paulo para novas fases do plano.
“Dialogamos com cada um dos prefeitos, explicando a necessidade do aumento da capacidade hospitalar dessas regiões. É esse o índice que a Região Metropolitana deve melhorar para avançar para a próxima fase. Fica muito claro que o trabalho em conjunto de aumento de leitos é fundamental para que a gente possa, com segurança, fazer essa retomada consciente”, destacou Vinholi.
Como fica
As cidades da Região Metropolitana ficam divididas nas seguintes regiões:
- Norte – Caieiras, Cajamar, Francisco Morato, Franco da Rocha e Mairiporã;
- Sudeste/ABC – Diadema, Mauá, Ribeirão Pires, Rio Grande da Serra, Santo André, São Bernardo do Campo e São Caetano do Sul;
- Leste/Alto Tietê – Arujá, Biritiba-Mirim, Ferraz de Vasconcelos, Guararema, Guarulhos, Itaquaquecetuba, Mogi das Cruzes, Poá, Salesópolis, Santa Isabel e Suzano;
- Sudoeste – Cotia, Embu, Embu-Guaçu, Itapecerica da Serra, Juquitiba, São Lourenço da Serra, Taboão da Serra e Vargem Grande Paulista;
- Oeste – Barueri, Carapicuíba, Itapevi, Jandira, Osasco, Pirapora do Bom Jesus e Santana de Parnaíba.
“Bom Prato” oferece refeições gratuitas a moradores de rua
Durante a coletiva, o governo anunciou a gratuidade nas refeições oferecidas pela rede Bom Prato a 15 mil pessoas em situação de rua cadastradas pelas prefeituras. A medida vale até 30 de julho e pode ser prorrogada.
“Essa é mais uma medida que reflete a nossa preocupação para a questão social. Pessoas em situação de extrema pobreza já estão recebendo, na Região Metropolitana de São Paulo e em outras regiões do Estado, as cestas com alimentos para atender até quatro pessoas durante 30 dias. Neste primeiro movimento, 1,1 milhão de cestas estão sendo distribuídas”, disse Doria.
A partir de segunda-feira (1º), com a adesão dos municípios, a Secretaria de Desenvolvimento Social do Estado firmará convênio de cooperação com as Prefeituras. A iniciativa estabelece a gratuidade das refeições mediante a apresentação de cartão com QR Code, e cabe às Prefeituras a quantificação, identificação e localização dos beneficiários, bem como a entrega dos cartões de gratuidade e o monitoramento da prestação dos serviços. O investimento do Governo de São Paulo é de R$ 2 milhões.
“A gratuidade de uma alimentação de qualidade e balanceada, como a que servimos no Bom Prato, permite ao Governo de São Paulo garantir a segurança alimentar desta população, além de assegurar a melhoria em suas defesas frente a esta pandemia”, afirma a Secretária de Desenvolvimento Social, Célia Parnes.
Desde o início de abril, os 59 restaurantes Bom Prato passaram por rápidas adaptações com o intuito de servir as refeições para viagem, em embalagens e com talheres descartáveis. O horário de atendimento também foi ampliado para evitar aglomerações, sendo os cafés da manhã das 7h às 9h, almoços das 10h às 15h e jantares das 17h30 às 19h, ou enquanto houver refeições disponíveis.