Segundo estimativa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), em maio, a produção industrial recuou 13,4% em relação a abril, de acordo com reportagem do Estadão.
Há quatro anos que a economia brasileira está no fundo poço, resultante da política neoliberal de juros estratosféricos, corte de investimentos públicos e arrocho salarial, que deprimiram o mercado interno. Some-se a isso a política alucinada de estabelecer o preço dos combustíveis acima dos preços internacionais. Não podia dar em outra coisa senão jogar a indústria e demais setores, excetuando os bancos, em uma profunda crise.
Contudo, o governo, analistas e alguns desavisados pretendem jogar nas costas dos caminhoneiros a retração industrial. Há meses que a dupla Temer/Meirelles vinha alardeando a miragem da recuperação econômica, desmentida a cada divulgação de dados econômicos. O mais gritante é a explosão do desemprego.
De acordo com a Carta de Conjuntura do Ipea, do segundo trimestre deste ano, “os dados ajustados para a sazonalidade mostram que a taxa de desocupação vem mantendo-se praticamente estável nos últimos meses, girando em torno de 12,5%”. Isso representa mais de 12 milhões de trabalhadores desempregados, o que é um número subestimado, pois está mascarado pelo subemprego e o desalento. Ou seja, uma situação que já existia há pelo menos quatro anos, antes da greve dos caminhoneiros.
A paralisação de 11 dias ganhou o apoio da população porque sintetizou a indignação generalizada do povo brasileiro, afetado pela transferência de recursos públicos – que deveriam ser aplicados em saúde, educação, transporte, segurança etc. – para os bancos e demais parasitas.
Por outro lado, os caminhoneiros não têm nenhuma responsabilidade sobre “o aumento das incertezas no cenário externo”, uma das desculpas esfarrapadas que o governo usa – a cada ata do Copom – para tentar justificar o fracasso de sua política econômica.
Além de manter a política criminosa no preço dos combustíveis, estopim para a greve, Temer enrolou 11 dias, sem tomar uma providência, o que demonstrou que o país está à deriva.
Duas de suas promessas literalmente não estão sendo cumpridas. Nem a redução de 46 centavos dos combustíveis, nem o piso mínimo do frete. E depois a culpa é dos caminhoneiros. Haja óleo de peroba.
VALDO ALBUQUERQUE