“A inflação do supermercado continua alastrada na vida do brasileiro”, afirmou o Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV/IBRE), ao divulgar na sexta-feira (05) que o preço médio da cesta básica no mês passado aumentou em sete das oito cidades pesquisadas.
Segundo dados divulgados pelo instituto, em parceria com a empresa de tecnologia de mercado Horus, em julho houve aumento no preço médio da cesta básica de 2,1% a 4,5%, em relação ao mês anterior. As maiores altas foram registradas em Fortaleza (4,5%), Brasília (4,0%) e Salvador (4,0%). As capitais Rio de Janeiro e São Paulo apresentaram as menores altas, com 2,4% e 2,1%, respectivamente.
O Rio de Janeiro é o município com os preços mais caros dentre os avaliados. Em geral, os cariocas pagam R$ 902,03 na compra de alimentos de consumo básico, o equivalente a 74% do salário mínimo (R$ 1.212).
A segunda cesta mais cara foi a da capital de São Paulo (R$ 895,23), seguido por Fortaleza (R$ 803,64), Salvador (R$ 765,52), Curitiba (R$ 727,97), Brasília (R$ 713,67), Belo Horizonte (R$ 655,21) e Manaus (R$ 662,24).
O instituto aponta que dos 18 produtos da cesta básica, quatro apresentaram aumento de preço em todas as capitais: frango, leite UHT, manteiga e margarina. Mas também frutas, massas secas, farinha de mandioca, café em pó, pão e arroz, apresentaram altas expressivas no período em diversas capitais.
Quando se considera a cesta de consumo ampliada, 33 produtos, que inclui bebidas e produtos de higiene e limpeza, além de alimentos, houve um aumento no valor médio nas oito capitais analisadas.
São Paulo foi a cidade que apresentou valores mais altos da cesta ampliada, R$ 1.890,68, alta de 2,0% em relação ao mês anterior, seguido por Rio de Janeiro (R$ 1.856,96), alta de 1,7%; Salvador (R$ 1.670,43), alta de 5,3%; Fortaleza (R$ 1.651,96), alta de 4,0%; Brasília (R$ 1.650,24), alta de 5,2%; Belo Horizonte (R$ 1.633,78), alta de 1,7%; Curitiba (R$ 1.620,46) alta de 3,3%; e Manaus (R$ 1.355,66), alta de 0,6%.
Dos 33 produtos da cesta ampliada, 8 tiveram aumento de preço em todas as cidades, com destaque para derivados do leite.
“Em suma, julho de 2022 se apresenta como um mês em que a inflação do supermercado continua alastrada na vida do brasileiro, porém alguns produtos que vinham sendo considerados como vilões da inflação começam a registrar retração nos preços, como é o caso dos legumes, carne bovina e óleo de soja”, avaliou a fundação.
Ao desmontar os estoques reguladores de alimentos e também pôr fim à política de fomento à produção de agricultores familiares, que era missão da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o governo Bolsonaro deixou que os brasileiros ficassem à mercê das intempéries do mercado global de alimentos, além da dolarização dos produtos – que avançou nos últimos anos diante da política do governo de reprimarização do Brasil “fazendão”, isto é viver de atividades primário-exportadoras, que só beneficia o agronegócio local e estrangeiro, além de especuladores de commodities no mercado financeiro.
Em um ano, a alimentação no domicílio acumula alta de 17,43%, de acordo com dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) do IBGE, que é considerado uma prévia da inflação oficial do país. Com a economia estagnada, com 33 milhões de brasileiros na fome, e outros 125 milhões com algum nível de insegurança alimentar, no ano, o índice acumula alta de 5,79% e, em 12 meses, de 11,39%.