Óleo de soja, arroz e carne não param de subir. Aumento do conjunto dos alimentos básicos compromete mais da metade do salário mínimo, diz Dieese
Os preços das cestas básicas em 15 de 17 capitais apurados pela Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos, realizada pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), indicaram que, em outubro, o conjunto de alimentos básicos, necessários para as refeições de uma pessoa adulta durante um mês, aumentou comprometendo, em média, mais da metade de um salário mínimo.
Em São Paulo, a cesta básica custou R$ 595,87, uma alta de 5,77% na comparação com setembro. No ano, o preço do conjunto de alimentos subiu 17,64% e, em 12 meses, 25,82%.
“Quando se compara o custo da cesta com o salário mínimo líquido, ou seja, após o desconto referente à Previdência Social (alterado para 7,5% a partir de março de 2020, com a Reforma da Previdência), verifica-se que o trabalhador remunerado pelo piso nacional comprometeu, em outubro, na média, 53,09% do salário mínimo líquido para comprar os alimentos básicos para uma pessoa adulta. Em setembro, o percentual foi de 51,22%”, diz o Dieese.
O óleo de soja e o arroz, que durante a pandemia viram os preços dispararem, sem qualquer providência por parte do governo Bolsonaro, continuaram subindo e aumentando em todas as capitais.
No caso do óleo de soja, o óleo de cozinha, o destaque ficou para Brasília (47,82%), João Pessoa (21,45%), Campo Grande (20,75%) e Porto Alegre (20,22%).
A exportação desvairada prejudicou o mercado doméstico levando o maior produtor mundial de soja, o Brasil, a importar soja, e dos Estados Unidos, para dar uma ajudazinha a Trump em sua fracassada campanha à reeleição. E nada garante redução no preço do óleo de cozinha na mesa do brasileiro.
O arroz agulhinha também registrou alta em todas as capitais, com variações entre 0,39%, em Aracaju, e 37,05%, em Brasília. A redução na área plantada do produto básico na alimentação do brasileiro em troca de produtos que mais dão lucro no mercado externo e a falta de estoques reguladores provocaram a alta no alimento que nem as importações, recentemente autorizadas por Bolsonaro, vão aliviar. O câmbio desvalorizado vai continuar mantendo os preços nas alturas.
E o governo prefere culpar o pequeno aumento da demanda provocado pelo auxílio emergencial no período da pandemia pela explosão dos preços dos alimentos. Querem controlar os preços com a fome do povo.
Assim como no final do ano passado, o preço da carne também disparou. “A demanda externa elevada resultaram em aumentos de preço”, avalia o Dieese. E o povo terá, assim como no ano passado, mais um Natal sem carne.
E Paulo Guedes ainda defendeu um “vale” de R$ 200 de auxílio emergencial para milhões de brasileiros que ficaram sem renda na pandemia. “Uma cesta básica”, disse o ministro da Economia de Bolsonaro em março, quando a cesta básica já se aproximava de R$ 500 em várias capitais.