Levantamento semanal da ANP aponta que preço médio no país de R$ 7,270 é o maior valor nominal desde 2004. Na capital paulista, o preço por litro chega a R$ 8,599. E o ICMS continua congelado…
Na semana passada, o preço médio da gasolina no país ficou em R$ 7,270 o litro, o maior valor desde que Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) começou a divulgar o levantamento semanal de preços, em 2004.
Até então, o recorde anterior foi o registrado na semana entre os dias 13 e 19 de março, R$ 7,267 o litro, após a Petrobrás, com o aval do governo, elevar em 18,8% o preço médio da gasolina que é vendida para as distribuidoras.
De acordo com a ANP, o preço médio do litro da gasolina, na semana entre os dias 17 e 23 de abril, representou uma alta de 0,70% em relação a semana anterior. Foi a segunda semana seguida de alta.
Entre os mais de 5 mil postos pesquisados pelo órgão, o maior preço do combustível foi encontrado na capital paulista, a R$ 8,599 o litro. O menor valor, foi encontrado a R$ 6,190 o litro em Macapá, no Amapá.
Segundo dados do IBGE, divulgados hoje (27), a gasolina respondeu sozinha por mais de um quarto (27,7%) da alta de 1,73%, em abril, do IPCA-15, que é considerado uma prévia da inflação oficial do país. Essa é a maior taxa do IPCA-15 para o mês de abril dos últimos 27 anos. Em 12 meses, o IPCA-15 acumula alta de 12,03%.
Em abril, o preço da gasolina subiu 7,51%, segundo o IBGE, e teve impacto de 0,48 ponto percentual na variação do índice geral.
ETANOL, DIESEL E GÁS DE COZINHA SEGUEM EM ALTA
Os dados da ANP apontam ainda que o preço médio do etanol também subiu em relação à semana anterior, e chegou à média de R$ 5,496 o litro.
Já o preço médio do óleo diesel segue em alta. Na semana passada, o preço médio do diesel S10, utilizado por caminhoneiros, ficou em R$ 6,733 o litro.
Por sua vez, a alta do preço do botijão de gás de cozinha em nada foi alterada para menos, após governo ter anunciado que iria reduzir o preço de revenda nas refinarias da Petrobrás para as distribuidoras em 5,58%, a partir de 9 de abril.
Na semana passada, o preço médio do botijão de 13 kg ficou em R$ 113,24. O maior preço do combustível foi encontrado a R$ 160 no Estado de Santa Catarina. Já o menor, foi localizado no Estado do Mato Grosso do Sul, a R$ 97,00.
A mudança das cadeiras no comando da Petrobrás não passou de mais uma encenação de Bolsonaro – de que ele estaria preocupado com a disparada dos preços dos combustíveis. O novo presidente da Petrobrás, José Mauro Ferreira Coelho, tomou posse do cargo defendendo a permanência da desastrosa política que levou para o descontrole dos preços dos combustíveis no país, o PPI, que consiste em atrelar os preços dos combustíveis que são produzidos no Brasil aos dos preços do barril de petróleo no mercado internacional e a cotação do dólar.
“A prática de preços de mercado é condição necessária para a criação de um ambiente de negócios competitivo, para a atração de investimentos e de novos agentes econômicos no setor, expansão da infraestrutura do País e a garantia do abastecimento”, disse Coelho, em seu discurso de posse no dia 14 deste mês.
Para o economista e presidente da Associação Brasileira de Investidores (Abradin), Aurélio Valporto, os preços da Petrobrás amarrados aos preços do mercado internacional não prejudicam apenas os consumidores, mas a economia com um todo.
“A face mais visível e imediata é a inflação, que é acompanhada pela redução no potencial da atividade econômica do país”, escreveu Valporto, em seu artigo: E a Petrobrás “entrou para a OPEP…”.
Segundo Valporto, a “energia é um bem essencial para o funcionamento da economia, sem ela, a economia, um “organismo vivo”, entra em profunda recessão”… “A missão da Petrobrás passou a ser gerar o maior lucro possível, alheia aos interesses nacionais. Tornou-se um verdadeiro integrante da OPEP dentro do Brasil, aderiu ao monstro que foi criada para combater (os investimentos em busca da autossuficiência visavam a independência aos preços internacionais) o slogan “o petróleo é nosso” passou a valer somente para a Petrobrás, não para o povo brasileiro”, destacou o economista.