A greve dos caminhoneiros deixou a nu a criminosa política de preços de combustíveis, atrelada ao dólar, praticada por Pedro Parente na Petrobrás. Essa política, com reajustes diários, foi duramente criticada por especialistas do setor.
Paulo César Ribeiro, ex-engenheiro da Petrobras e consultor legislativo da Câmara e do Senado, ouvido pela reportagem do Jornal do Brasil, argumenta que, embora verdadeira, a questão das importações seria resolvida se os órgãos reguladores condicionassem as exportações do petróleo cru ao aumento das atividades de refino, hoje praticamente monopolizadas pela Petrobrás e funcionando com apenas 75% de sua capacidade. “O custo médio de refino da Petrobrás é baixo, inferior a US$ 3 por barril, e muito menor do que o registrado no exterior”, argumenta.
Segundo Paulo César Ribeiro, o custo final de produção e refino é de US$ 40 por barril, já incluídos custos administrativos e de transporte. A um câmbio de R$ 3,70 e considerando que o barril tem 158,98 litros, o custo médio de produção do diesel seria de R$ 0,93 por litro.
Antes do estouro da greve, a Petrobrás praticava preço médio nas refinarias de R$ 2,33 por litro, o que garantia, conforme Ribeiro, uma margem de lucro de 150%. Após a redução de 10%, o preço do diesel foi rebaixado a R$ 2,10, o que daria uma margem de lucro de 126%. “Ainda é um lucro altíssimo. Então não é razoável que a União subsidie a Petrobrás em quase R$ 5 bilhões até o fim do ano”, afirmou o consultor.
Desde julho do ano passado o diesel subiu 59,32% nas refinarias e a gasolina, 58,76%. Enquanto isso, a inflação medida pelo IPCA, do IBGE, ficou em 2,68% no período.
Ou seja, a política de Parente é manter os preços dos combustíveis acima dos preços internacionais, para facilitar a vida das multinacionais, que estão ampliando as importações de suas matrizes. Já as refinarias da Petrobrás estão funcionando com apenas 75% de sua capacidade. “O problema é que a extração e exportação é muito mais lucrativa para os acionistas do que o refino. Há um plano claro de abandono de negócios diversificados”, acrescentou Ribeiro.