O Governo Federal autorizou mais um reajuste, dessa vez de 6%, no gás de cozinha. O valor do produto de primeira necessidade na vida da população nunca esteve tão alto, com a carestia dos alimentos também em disparada, a crise da pandemia e o descontrole do desemprego.
O gás já havia sofrido reajuste de 5% no dia 3 de dezembro, conforme anúncio da Petrobrás, totalizando 11% de reajuste em menos de 40 dias. Durante 2020, o gás foi reajustado 10 vezes, com taxas variando entre 5% e 5,5%.
O reajuste afeta também o GLP a granel, que é utilizado na indústria, comércio e condomínios, entre outros estabelecimentos.
“O GLP está deixando de ser um produto de utilidade pública por causa do alto preço, as famílias em miséria absoluta só crescem no Brasil, contradizendo todo discurso de energia barata do governo. Nunca o preço foi tão alto”, afirma o presidente da Associação Brasileira dos Revendedores de GLP, Alexandre Borjaili.
“A tendência é que o preço do botijão atinja de R$ 150 a R$ 200 este ano”, projeta Borjaili. Segundo ele, os revendedores estão buscando alternativas, levando em conta também a venda da Liquigás pela Petrobras. “O GLP, agora, está na mão de multinacionais e o princípio social do botijão de 13 quilos foi totalmente abandonado”, afirma.
Desde o início do governo Bolsonaro, em 2019, os reajustes do gás de cozinha seguem as oscilações do mercado internacional do petróleo controlado pelos monopólios do setor. Sem alguma intervenção governamental, a tendência é a escalada de preços piorar ainda mais diante da alta dos preços do petróleo.
Para o coordenador Geral da Federação Única dos Petroleiros, Deyvid Bacelar, “num momento dificílimo como o atual, com a pandemia fora de controle, o desemprego e a desocupação dos trabalhadores em níveis recorde e a disparada dos preços dos alimentos”, é um absurdo que “a Petrobrás ainda reajuste seus combustíveis olhando para o exterior”.
“A empresa esquece de seu papel social, ainda mais sendo controlada pelo governo. E a situação é ainda pior com o gás de cozinha, usado pela população mais pobre. O resultado é que essas pessoas estão trocando o gás por lenha, porque não têm como pagar pelo produto. E esse quadro vai se agravar com o fim do auxílio emergencial”, avalia.