Botijão de gás acumula aumento de 21,35% e o gás encanado atingiu alta de 26,29%, o dobro da inflação de 10,07% no período, comprimindo o orçamento das famílias de mais baixa renda
Em um ano, os preços do botijão de gás e do gás encanado acumularam altas acima dos 20%, o dobro da inflação geral registrada no período pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
De acordo com o IBGE, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial do país, fechou em julho com alta de 10,07% no acumulado em 12 meses. No mesmo intervalo de tempo, o gás encanado acumula alta de 26,29% e o de botijão subiu 21,36%.
No caso do botijão de gás de cozinha, o Gás Liquefeito de Petróleo (GLP), o preço médio nacional do produto ficou em R$ 110, conforme pesquisa mensal da ANP (Agência Nacional de Petróleo). Mas em algumas regiões do país o botijão chega a custar até R$ 160.
Sem dinheiro, com a renda apertada, muitas famílias estão recorrendo ao cartão de crédito e parcelando a compra do botijão de gás, ou ainda, e mais grave pelos riscos de queimaduras sérias, usando fogão a lenha.
VENDAS CAEM
Com o preço nas alturas, as vendas de gás de botijão já caíram 4% de janeiro a julho, segundo dados do Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Gás Liquefeito de Petróleo (Sindigás).
Por sua vez, o gás encanado, em São Paulo, por exemplo, o consumidor está pagando R$ 81,23 por 10m³ mês, segundo tabela informada pela Companhia de Gás de São Paulo (Comgás), que mostra a variação decorrente do aumento do preço da molécula de gás que é fornecida pela Petrobrás, repassada aos consumidores a partir de 10/12/21.
No caso do comercial, o gasto chega a R$ 832,11 por 100 m³ por mês, ou R$ 7.007,20 por 1.000 m³ por mês.
As altas nos preços destes combustíveis refletem a política do governo Bolsonaro de manter os preços dos produtos da Petrobrás fixados aos preços internacionais do petróleo e seus derivados, a cotação do dólar e aos custos do importador: conhecida por Preço de Paridade de Importação (PPI).
Além do gás encanado e do botijão, o óleo diesel (61,98%) e Gás veicular (27,16%) também registraram altas bem superiores que o indicador geral.
O limite do ICMS entre 17% a 18%, criado e aprovado pelo governo Bolsonaro às vésperas das eleições, não teve impacto significativo no preço do gás. Na semana encerrada em 5 de janeiro de 2019 o preço médio do botijão era de R$ 69,34, segundo a ANP. Ou seja, de lá para cá, o gás de cozinha acumula alta de 58,63%.
“A alíquota do GLP (gás liquefeito de petróleo) no Rio já estava em 12%, portanto, não afetou tanto o produto. Na média, o impacto da redução do ICMS no GLP foi de queda de R$ 2,50 a R$ 2,60 por botijão”, afirmou Sérgio Bandeira de Mello, presidente do Sindigás.
O teto do ICMS na prática propõe a perda de arrecadação dos recursos do ICMS, que seriam destinados à prestação de serviços públicos estaduais e municipais, em troca de uma redução artificial nos preços dos combustíveis, cujos aumentos e reduções se dão na esteira da volatilidade dos preços internacionais das commodities.
Além do gás para cozinhar os alimentos, as famílias continuam sentindo no bolso a alta nos preços dos alimentos, que aceleraram em julho, particularmente as de mais baixa renda, que pouco são afetadas pela redução nos preços dos combustíveis nas bombas.