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Produzido no país e consumido por brasileiros, o tradicional cafezinho é cobrado a preço de ouro, definido fora do país
Enquanto os frigoríficos e produtores de café no Brasil atuam afincos para elevar seus ganhos em dólar, os brasileiros estão deixando um “rim” nos açougues e supermercados para adquirir um 1 kg de carne de segunda ou comprar o pó de café. Em um ano o preço médio do café subiu mais de 50%, já o preço da carne bovina subiu em mais de 21%, o do porco 19% e o do frango acima de 10%, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), indicador oficial de inflação calculado pelo IBGE.
No ano passado, ao todo, o Brasil produziu 31,57 milhões de toneladas de carnes bovina, suína e de frango, uma quantidade recorde, conforme a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). O resultado corresponde a uma alta de 6,14% frente a 2023, quando foram produzidas 29,75 milhões de toneladas.
Apesar do clima adverso registrado no ano passado, a safra brasileira do grão de café encerrou 2024 estimada em 54,2 milhões de sacas de 60kg, apontam também números da estatal. Esse resultado é 1,6% abaixo do volume produzido na safra de 2023. Mas quando comparado com 2022, “último ano de alta de bienalidade”, destaca Conab, “observa-se um crescimento de 3,3 milhões de sacas”.
Os números apresentados pelo Conab derrubam a tese de que a carestia dos alimentos no Brasil esteja sendo causada por problemas de oferta. “Mas a demanda interna aumentou para gerar tal pressão insuportável de preços no país?”, alguém há de perguntar. A resposta para tal pergunta é que não houve, até agora, nenhuma melhora real nas condições de vida dos brasileiros, para justificar tal tese.
Na contramão disso está o avanço das exportações – cujos preços estão atrelados às decisões nas bolsas de valores estrangeiras – que seguem contaminando os preços internos.
No primeiro mês do ano, o Brasil exportou 209.192 toneladas de carne bovina para 114 países, o que resultou num faturamento de US$ 1,002 bilhão, segundo informações da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), com base em dados publicados na última sexta-feira (07) pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC).
A entidade afirma que, quando comparado com janeiro de 2024, houve um crescimento de aproximadamente 2% no volume exportado e de 11,4% no faturamento, “impulsionado por um preço médio 9,4% superior ao observado no mesmo período de 2024. Essa valorização ocorreu em praticamente todos os principais mercados de destino, alcançando a melhor média desde junho de 2023”, afirma a entidade em nota.
Já as exportações brasileiras de carne de frango totalizaram 443 mil toneladas em janeiro, um recorde para o mês, com aumento de 9,4% em relação a 2023, segundo números da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). A receita subiu 20,9%, atingindo US$ 826,4 milhões – número 20,9% maior que o resultado obtido no mesmo período do ano passado
Por sua vez, as exportações de café do Brasil aumentaram 9,5% em janeiro deste ano frente ao mesmo mês de 2024. Ao todo, foram 245,3 mil toneladas, ou 4,09 milhões de sacas de 60 kg, embarcadas para fora do país, de acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex). Os embarques também aumentaram em relação ao total de dezembro de 2024 (201,9 mil toneladas).
Esse aumento nas exportações de café acontece em meio a preços recordes do grão na bolsa ICE [Intercontinental Exchange]. No início desta semana, pelo 13º pregão consecutivo, os contratos futuros do café subiram mais de 6%, atingindo um novo recorde histórico na bolsa ICE acima de US$4,30 por libra-peso.