Os preços alucinados dos combustíveis, somados aos da energia elétrica, juros altos, cortes nos investimentos, arrocho na renda e desemprego recorde, colocaram lenha na crise econômica, inciada em meados de 2014, agravando a recessão que já dura há quatro anos.
O alerta feito pelos caminhoneiros, que parou o país por onze dias (entre 21 e 31 de maio), com amplo apoio da população, é apenas mais uma demonstração de que não há saída para a crise sem que essas questões sejam enfrentadas.
A intransigência do governo Temer em manter a política de reajustes diários nos preços dos combustíveis fez desabar a produção industrial, as vendas do comércio e o setor de serviços em maio deste ano.
Na comparação com o mês de abril, a produção industrial recuou -10,9%, queda em 14 de 15 locais pesquisados pelo IBGE. O volume de vendas do comércio varejista caiu -0,6% e o varejo ampliado, aquele que inclui os gastos das famílias mais os das empresas, ficou em -4,9%. Todas as atividades do comércio tiveram perdas em maio, à exceção de hipermercados e supermercados.
E o setor de serviços, divulgado hoje, sexta-feira (13), pelo IBGE, recuou -3,8%, frente a abril. Serviços respondem por cerca de 70% do Produto Interno Bruto (PIB), que é a soma de todas as riquezas produzidas no país, todos os bens e serviços produzidos em valores monetários.
De janeiro a maio, o desempenho do setor de serviços já vinha patinando no fundo do poço: em janeiro -1,7%, em fevereiro ZERO, em março -0,3%, em abril 1,1%, chegando a maio em -3,8%.
O varejo também continua patinando em torno de ZERO: em janeiro 1%, em fevereiro 0,0%, em março 1,0%, em abril 0,7% e agora em maio -0,6%.
A produção industrial física não ficou atrás: em janeiro (-2,2% – revisado), em fevereiro (0,1% -revisado), em março (0,0% -revisado), em abril (0,8%) e em maio -10,9%.
As previsões para o desempenho do PIB em 2018 estão caindo a cada semana. A do governo já está em 1,5%, quando se falava em “recuperação” da economia em 3% no início do ano. Mas, alguns já falam em 1% para o PIB.
A paralisação dos caminhoneiros resultou na queda do presidente da Petrobrás, Pedro Parente, o conhecido ministro do apagão na gestão Fernando Henrique. Em julho do ano passado, Parente acelerou o reajuste nos preços dos combustíveis tornando-os diários e bem acima da paridade internacional. Além do combustível, o preço do botijão de gás de cozinha disparou. Segundo o IBGE, a alta no preço do botijão de gás em 2017 levou um milhão e 200 mil famílias brasileiras a trocarem o gás por lenha ou carvão.
Ivan Monteiro, atual presidente da Petrobrás, entrou na Petrobrás em janeiro de 2015, levado por Aldemir Bendine, então presidente da estatal no governo Dilma Rousseff. Bendine está preso desde julho do ano passado pela Lava Jato.
Monteiro, oriundo do Grupo Ultra, que tentou abocanhar a subsidiária da Petrobrás, a Liquigás, diz que vai manter a política de preços da estatal atrelada à paridade internacional e ao dólar. Assim como a política de privatização dos ativos da estatal, através dos chamados “desinvestimentos”.
Vai continuar sabotando a estatal e a economia nacional em prol dos estrangeiros.