
Índice de Preços ao Produtor (IPP) das indústrias extrativas e de transformação mede os preços de produtos “na porta de fábrica”, sem impostos e fretes. Tiveram queda nos preços 17 das 24 atividades industriais
Os preços da indústria no recente mês de maio tiveram uma variação de menos 1,29% em relação ao mês de abril, segundo o Índice de Preços ao Produtor (IPP), divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nesta sexta-feira (4). Foi o quarto recuo mensal seguido. Em maio de 2024, o IPP ficou em 0,36%.
O Índice de Preços ao Produtor (IPP) das Indústrias Extrativas e de Transformação mede os preços de produtos “na porta de fábrica”, sem impostos e fretes, e abrange as grandes categorias econômicas.
Das 24 atividades pesquisadas, 17 delas tiveram redução de preços na mesma base de comparação (maio/abril). No acumulado do ano o recuo dos preços foi de menos 1,97%, já no acumulado dos últimos 12 meses os preços mantêm alta de 5,78%.
“Dois pontos principais ajudam a explicar esse resultado: o primeiro é a diminuição dos preços de diversas commodities no mês, o que acaba reduzindo o custo de produção em toda a sua cadeia e impacta os preços em vários setores”, segundo Murilo Alvim, gerente da pesquisa do IBGE. “O segundo é a nova queda do dólar frente ao real… o que também acaba reduzindo os custos em alguns setores e diminui, de forma direta, o preço daqueles produtos que são comercializados em dólar. Isso também ajuda a explicar os resultados negativos dos últimos meses”, acrescentou.
Em pontos percentuais, o indicador de maio teve no setor de alimentos o maior destaque na composição dos menos 1,29%. Somente essa atividade foi responsável por -0,34 ponto percentual (p.p.) de influência na variação da indústria geral.
“O resultado de alimentos foi puxado para baixo por conta da redução dos preços de commodities como a cana de açúcar e a soja, ambas em período de safra, o que aumenta a oferta desses produtos. Com redução dos custos pelo menor valor da cana, os preços dos açúcares caíram, em especial o açúcar VHP, que é um produto exportável e foi impactado pela queda do dólar, fazendo com que o grupo de fabricação e refino de açúcar tivesse uma queda de 4,68% no mês. Os derivados da soja também reduziram seus preços em maio, provocando o recuo do grupo de fabricação de óleos e gorduras vegetais (-3,05%) no mês”, avalia Murilo Alvim.
Outras atividades que também tiveram peso significativo na composição da taxa do IPP de maio foram refino de petróleo e biocombustíveis (-0,28 p.p.), outros produtos químicos (-0,26 p.p.) e metalurgia (-0,23 p.p.).
“Nos casos de refino e biocombustíveis e de outros produtos químicos, o petróleo tem apresentado queda de preços e ajuda explicar alguns resultados, acompanhando a cotação no mercado internacional e impactando toda a sua cadeia. A retração de refino de petróleo e biocombustíveis foi puxada pelos menores preços de alguns derivados do petróleo, com destaque para o óleo diesel, os óleos combustíveis e a nafta. Já no setor químico, grande parte da influência veio de derivados do petróleo, como os petroquímicos, especialmente o propeno não saturado, e as resinas termoplásticas, sobretudo o polipropileno”, observa Murilo.
Ambos os fatores de redução dos preços industriais analisados estão distantes do impacto da política contracionista do Banco Central (BC), através de juros exorbitantes por ele fixado.
O acumulado do ano em -1,97% é o segundo menor já registrado para um mês de maio desde o início da série histórica, em 2014. No mesmo período de 2024 o índice foi de 1,28%.
Ainda que em patamar elevado, os 5,78% do índice no acumulado de doze meses, representa um recuo nos preços ao produtor. Esse mesmo acumulado em abril foi de 7,54% e em março tinha sido de 8,39%. A redução acumulada tem sua principal base na indústria de transformação. Em março o índice dela foi de 9,33% e em abril de 8,44% e em maio ficou em 6,45%.