Em 12 meses, os preços subiram 26,35% para os refrigeradores; 17,67% para a máquina de lavar; 21,18% para o fogão; 12,84% para a TV; e 18,24% para o automóvel novo
A tão propagandeada redução da alíquota do IPI (Imposto sobre Produto Industrializado), comemorada por Paulo Guedes, ministro da Economia de Bolsonaro, a pretexto de “reindustrializar o país”, retirou recursos importantes do setor público ao passo que não reduziu os preços de bens duráveis da linha branca e de veículos, como prometido.
Valendo desde 25 de fevereiro, a benesse das aos empresários e que retira R$ 12 bilhões dos Estados e municípios destinados a serviços como de educação e saúde, não chegou ao consumidor final, confirmam os índices de inflação. Os preços de bens duráveis gerais, incluindo produtos como geladeira, máquina de lavar, fogão e carros continuaram subindo nos últimos meses de acordo com o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
A tributação foi reduzida em 25% para produtos da linha branca (eletrodomésticos) e em 18,5% para veículos. Economistas e empresários dizem que, apesar da medida, os custos de produção e frete continuarão pressionando os preços. Além disso, a redução de imposto pode acabar indo para a recomposição do lucro entre fábrica e loja, espremido pela crise e baixa demanda.
No IPCA de março, cuja variação de 1,62% bateu o recorde da inflação dos últimos 28 anos, apenas os televisores tiveram redução de preços na comparação mensal. Isso, contudo, é atribuído à queda do dólar – já que a maior parte dos componentes são importados – e não à redução do IPI. Todos os demais produtos tiveram aumento de preços em fevereiro e março, seguindo a onda de inflação e carestia que já são marca registrada do governo Bolsonaro.
Os refrigeradores tiveram aumento de 4,13% em fevereiro e de 1,3% em março; máquinas de lavar sofreram com +3,24% e +1,14%, respectivamente. O preço do fogão subiu 2,11% e 2,24% e do automóvel novo, +1,68% e +0,47%.
Em 12 meses, a variação de preços foi de +26,35% para os refrigeradores; de +17,67% para a máquina de lavar; de +21,18% para o fogão; de +12,84% para a TV; e 18,24% do automóvel novo.
Pelos cálculos da Fundação Getúlio Vargas (FGV), o impacto potencial da redução do IPI na inflação é de apenas 0,2 ponto percentual – enquanto para os Estados e municípios, abrir mão da arrecadação é realmente um problema para a administração pública.
Na verdade, uma tragédia. Com o governo federal reduzindo os investimentos públicos ao mentor nível dos últimos dez anos, Bolsonaro, nos três anos de desgoverno, promoveu cortes na saúde, educação e nos em programas sociais, quando o país vive níveis elevados de desemprego, inflação e renda em queda. O presidente da Anfavea, Luiz Carlos Moraes, afirma que os cursos com produção, insumos, combustíveis e energia deve amortecer completamente o impacto de redução de preços.
““Reajustes em itens como aço, pneus e resinas afetaram o custo e repassamos parte disso aos preços. Além disso, os veículos hoje têm mais conteúdo”, disse o presidente da Anfavea ao tentar se explicar por que a redução do IPI não alterou nos preços dos veículos que continuam subindo, ao divulgar o resultados das vendas do setor em março. A maior dos últimos 18 anos para o mês: 22,5%.