Três pessoas morreram e outras dez ficaram feridas em um desabamento de dois prédios, no início da manhã desta sexta-feira, na Muzema, na zona oeste do Rio de Janeiro. As equipes de bombeiros vasculham os escombros para tentar localizar outras vítimas. Parentes e moradores dizem que há ao menos outros três desaparecidos.
Um dos mortos já foi identificado: Cláudio Rodrigues, de 40 anos. Ele foi retirado dos escombros com vida, junto à sua esposa Adilma e sua filha Clara Rodrigues, de 35 e 8 anos, mas faleceu no Hospital Unimed-Rio, na Barra da Tijuca.
Os outros dois, um homem e um menino, ainda não tiveram a identificação confirmada. Segundo os moradores da região, eles seriam pai e filho e foram encontrados abraçados em meio aos escombros.
Outros dois feridos foram levados para o Lourenço Jorge: Raimundo Nonato Ferreira Gomes, 41, que teve escoriações na cabeça, e Luciano Paulo dos Santos, 38, que chegou à unidade com múltiplas escoriações.
Os últimos três feridos foram levados para o Hospital Miguel Couto, na Gávea. Um deles foi identificado como Evaldo Vireira da Silva e os outros apenas como Armando e Carol. Ainda não há informações sobre o estado de saúde deles.
O desabamento aconteceu por volta das 6h40min desta sexta.
Milicianos vendiam apartamentos irregulares que desabaram
Os prédios que desabaram ficam no “Condomínio Figueiras do Itanhangá” e teriam cinco e três andares. A comunidade liga o Rio das Pedras ao Itanhangá, pela Estrada de Jacarepaguá. A região é controlada pelas milícias, que atuam também na grilagem de terras públicas, construção e venda dos imóveis irregulares que desabaram.
A área onde ocorreu o acidente foi isolada, e os bombeiros disseram que outros prédios da região podem ir abaixo. No início da manhã, havia um forte cheiro de gás nas imediações. Segundo o repórter Genilson Araújo, do portal G1, há cerca de 60 prédios em construção na região.
Em setembro do ano passado, policiais militares do Comando de Polícia Ambiental (CPAM) fizeram uma operação no local e prenderam 39 pessoas por envolvimento com grupos micilianos.
A operação foi realizada na Muzema, Morro do Banco, Tijuquinha, Vila da Paz, Ilha da Gigóia e Ilha Primeira, todas no Itanhangá, que faz parte da região administrativa da Barra da Tijuca.
Na época, os agentes descobriram a construção de dezenas de prédios de quatro a seis andares em média, onde anúncios ofereciam apartamentos de diversos valores e condições de pagamento, inclusive com projeção de taxas de condomínio. As construções clandestinas verticalizadas não possuíam infraestrutura básica, como ligação regular de esgoto, que seriam lançados em rios e na Lagoa da Barra.
Em janeiro deste ano a Operação Os Intocáveis prendeu cinco pessoas por grilagem de terras em Rio das Pedras, Muzema e redondezas, dentre elas o major da PM Ronald Paulo Alves Pereira e o tenente reformado Maurício Silva da Costa, o Maurição. Os dois são apontados como chefes da milícia, ao lado de Adriano Magalhães da Nóbrega, ex-capitão do Bope, que ainda está foragido. Os outros presos na ocasião foram Manoel de Brito Batista, o Cabelo; Benedito Aurélio Ferreira Carvalho, o Aurélio; e Laerte Silva de Lima.
Os envolvidos foram denunciados pela construção, venda e locação ilegais de imóveis; receptação de carga roubada; posse e porte ilegal de arma; extorsão de moradores e comerciantes, mediante cobrança de taxas referentes a “serviços” prestados; ocultação de bens adquiridos com os proventos das atividades ilícitas, por meio de “laranjas”; falsificação de documentos; pagamento de propina a agentes públicos; agiotagem; utilização de ligações clandestinas de água e energia; e uso da força como meio de intimidação e demonstração de poder.