Nesta segunda-feira (11), a Prefeitura de São Paulo decidiu fechar definitivamente o Hospital Bela Vista, que era referência no atendimento da população de rua no Centro da capital.
No final do mês passado, o local, que não tinha licença de funcionamento, foi interditado pela Vigilância Sanitária a pedido do Ministério Público do estado por problemas estruturais.
O hospital foi inaugurado em 2020, pelo então prefeito Bruno Covas, e estava funcionando a apenas quatro anos. O prefeito absorveu uma estrutura de um hospital privado e o tornou referência para o combate à Covid-19.
Após a morte de Bruno, o hospital passou a atender prioritariamente a população de rua e as denúncias do descaso com os pacientes, falta de médicos e condições de higiene por parte da Organização Social da Saúde (OSs) Nova Esperança se multiplicaram.
Segundo o auto de interdição, além de não poder mais admitir nenhum paciente, o hospital tem até o final de novembro para transferir ou dar alta para quem continua no local. Atualmente o espaço consta com 18 pacientes em UTI e 84 internados em outros setores.
Em agenda nesta segunda, Ricardo Nunes (MDB), prefeito de São Paulo, afirmou que vai demitir ou abrir outro hospital para manter os 512 funcionários que trabalhavam no Bela Vista.
“Eu já orientei a minha equipe e vamos entregar o local. O hospital estava numa localização importante porque atende, prioritariamente, a população em situação de rua. Para a gente era fundamental. Agora eu vou abrir um outro hospital, aquele local já está descartado, fiquei tentando dois anos, mas infelizmente não conseguiu ter sucesso”, afirmou.
Arthur Pinto Filho, promotor do caso, informou que o hospital recebia muitas pessoas da Cracolândia, com problemas de tuberculose e que não havia quarto de isolamento no local.
“O quarto de isolamento tem que ter um sistema de ar próprio, ele não pode circular pelo hospital e esse sistema próprio não funcionava. Então, a pessoa no quarto de isolamento usava o sistema geral do ar do hospital levando problema para todos os cantos”, afirmou.
O promotor também recebeu um levantamento do Conselho Regional de Medicina (Cremesp), apontando que houve um aumento no número de mortes no local, justamente por conta da falta de profissionais qualificados no local.
Por conta do desfalque, 17 mortes teriam ocorrido no mês de agosto e 15 em setembro.
Ainda no documento de interdição, a Vigilância Sanitária disse que havia profissionais sem qualificação, que estavam trabalhando na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), como médico recém-formados e sem especialização. A UTI também estava sem controle de acesso.
Em nota, a Prefeitura de São Paulo informou que 20 pacientes ainda estavam internados no local até esta segunda e que devem ser transferidos até o final desta semana.