A Prefeitura de São Paulo decidiu investigar a rede de planos de saúde Prevent Senior, proprietária dos Hospitais Sancta Maggiore. A rede registrou a primeira morte por coronavírus no país, na terça (17), e é acusada de não ter avisado que a doença havia sido confirmada em um de seus pacientes, como manda a lei.
A informação só teria sido dada ao governo de São Paulo dias depois do óbito.
“Nós vamos abrir uma investigação rígida”, diz o secretário municipal de Saúde, Edson Aparecido. “Eles tinham obrigação, como todos os hospitais, de notificar toda e qualquer confirmação de casos de coronavírus. E só procuraram o governo de São Paulo depois da morte”, afirma.
Nesta quarta (18), a Prevent Senior anunciou que isolou o hospital Sancta Maggiore, que mantém no Paraíso, na zona sul da capital paulista, porque já tinha registrado 202 casos suspeitos e 8 confirmados da doença.
Desde a noite de ontem, terça-feira (17), ainda circula na internet, áudio atribuído ao presidente da Prevent Senior, Fernando Parrillo.
Nos áudios, Parrillo fala da gravidade da pandemia de coronavírus, diz que a contaminação dos próprios agentes de saúde é de 100% e que os jovens também correm risco.
“Temos uma boa base de dados do histórico dos pacientes e, a partir delas, conseguiu identificar o desenvolvimento da coronavirus. Ela danifica muito rapidamente o pulmão, que fica fosco e as bordas se unem. Com isso, quem tem doença de base – hipertensão, diabetes etc -, com pulmão afetado fica muito difícil reverter o quadro, e acaba afundando em outras doenças. E tudo acontece de forma muito rápida”, diz o executivo.
O plano já teve 6 óbitos com as mesmas características. Como a causa apresentada são as outras doenças, as estatísticas acabam prejudicadas, virá óbito normal, revelou Parrillo que apontou: “É o que irá acontecer nos levantamentos nacionais, devido às próprias características da pandemia. Irão morrer e não se saberá que a causa foi a coronavírus”.
“Está pegando até gente nova. O médico tem 40 anos, o cara está difícil de sair entubado, está na UTI. A taxa de infecção dos profissionais da saúde está sendo 100%.”
“Estou vendo pessoal no Instagram, no Facebook, em festa, não está entendendo. Se você não tem uma boa saúde, tem uma doença de base, vai afundar mesmo.”
“É uma falta de responsabilidade gigantesca. Pessoal tá achando que é brincadeira esse troço. Vai ficar todo mundo doente ao mesmo tempo. Tá uma operação de guerra. Se pegar, não tem como. Vai direto no pulmão, é muito rápido.”
Bruno Covas determina fechamento de comércio em São Paulo
A Prefeitura de São Paulo anunciou, nesta quarta-feira, medidas mais severas para diminuir a propagação do novo coronavírus e assim tentar evitar o colapso do sistema de saúde, pública e privada, na cidade, que é a mais atingida pela pandemia no Brasil.
O prefeito de São Paulo, Bruno Covas, decretou o fechamento do comércio na capital até o dia 5 de abril. O fechamento vale apenas para as lojas com atendimentos presenciais. Os estabelecimentos que possuírem a alternativa de venda online poderão continuar as vendas apenas online ou por telefone.
Permanecerão abertos apenas farmácias, supermercados, feiras livres, lojas de conveniências, padarias, restaurantes, lanchonetes, lojas de venda de alimentação de animais e postos de combustível.
De acordo com o prefeito, para continuar funcionando, os bares e restaurantes terão que obedecer a distância mínima de um metro entre as mesas, além de intensificarem as ações de limpeza e disponibilizarem álcool em gel aos clientes e informações sobre a Covid-19 nos estabelecimentos.
Covas ainda decidiu se mudar para a prefeitura, assim passará as 24 horas do dia no prédio para despachar e agilizar decisões, além de evitar a disseminação da doença.
Mais cedo, o governador João Doria (PSDB) recomendou o fechamento de shoppings e academias na região metropolitana de São Paulo, de 23 de março até 30 de abril, por razões sanitárias e proteção dos funcionários.
A decisão está entre as sete medidas que o governo anunciou, durante coletiva de imprensa, para reduzir a disseminação do Covid-19, mas não inclui estabelecimentos do interior do estado. Doria também determinou que os postos do Detran e Poupatempo vão regular a circulação.
“O governo de são Paulo vai solicitar mais recursos para o Ministério da Saúde. O epicentro do coronavírus é o estado. Vamos fazer oportunamente”, afirmou o governador.