As prefeituras do Guarujá e de Itanhaém, no litoral de São Paulo, e a deputada Erika Hilton (PSOL-SP) acionaram a Sabesp para investigar possíveis vazamentos e ligações clandestinas de esgoto na região da Enseada que poderiam estar relacionados ao aumento de casos de virose na região.. Famílias inteiras relatam ter passado mal e a busca por atendimento médico e remédios disparou.
A Prefeitura de Guarujá informou ter notificado a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) sobre a possibilidade de vazamentos e ligações clandestinas de esgoto na região da Enseada, que poderiam ter ocasionado o aumento no número de pessoas doentes.
Erika Hilton (PSOL-SP) enviou ofícios à Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo), à Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo) e à Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo cobrando esclarecimentos sobre os casos de virose no litoral paulista.
Os ofícios foram enviados ao presidente da Sabesp, Carlos Piani, ao diretor-presidente da Cetesb, Thomaz Toledo, e ao secretário Eleuses Paiva.
As cidades do litoral paulista Guarujá, Santos e Praia Grande registraram, neste início de ano, um aumento no número de casos de virose. Moradores da Baixada Santista e de São Sebastião, no litoral norte, se queixam de sintomas gastrointestinais como náusea, vômito, dor abdominal e diarreia.
No TikTok, hashtags como #virose, #Guarujá e #ViroseGuarujá somam dezenas de vídeos publicados. Farmácias do litoral registram o aumento expressivo na demanda por produtos como probióticos e reidratantes orais, e moradores e turistas têm enfrentado dificuldade para conseguir atendimento e remédios.
Em Santos, o Pronto Atendimento da Unimed registrou número recorde de atendimentos na quinta, 2, levando em consideração os dados do último trimestre. Ao todo, 590 pessoas foram atendidas em 24 horas, entre adultos e crianças.
No documento, Hilton pergunta sobre as medidas adotadas para garantir a qualidade e a potabilidade da água distribuída, balneabilidade das águas marinhas aos banhistas e monitoramento dos altos índices de casos e atendimento de viroses em cidades do litoral paulista.
“Os números relatados pela imprensa e autoridades saltam aos olhos, e apesar da existência do aumento típico de viroses em virtude das festas e do turismo de alta temporada no litoral paulista, tudo indica que o que está ocorrendo na região está além do que foi observado e noticiado nos anos anteriores”, escreve a parlamentar, que ressalta que a possibilidade de uma causa extrasazonal deve ser vista com preocupação pelas autoridades públicas.
“E uma possível omissão ou falha nos serviços prestados, tanto pela Sabesp e Cetesb, quanto pela Secretaria de Saúde, aponta para a necessidade urgente de apuração de condutas e responsabilidades, além da adoção de medidas corretivas, com o objetivo de proteger a saúde da população e evitar novos surtos”, escreve.
Hilton pede à Sabesp e à Cetesb relatórios de análise da qualidade da água distribuída nas cidades afetadas nas 4 últimas semanas, procedimentos adotados para garantir a potabilidade da água e eventuais falhas no sistema de tratamento ou distribuição de água nas 4 últimas semanas, entre outras coisas.
Também pediu à Secretaria de Saúde informações sobre o monitoramento realizado sobre o surto de virose na região, incluindo registros de unidades de saúde, medidas preventivas e corretivas adotadas e ações de vigilância sanitária relacionadas à água distribuída pela Sabesp assim como o tratamento e casos de despejo de esgoto.
O QUE DIZ A SABESP
Segundo a superintendente da Sabesp na região e Vale do Ribeira, em São Paulo, Olívia Mendonça, os problemas são pontuais e já eram previstos pela companhia.
Em entrevista à Rádio Bandeirantes, Mendonça afirmou que havia já a expectativa de um consumo de água acima da média, presença de chuvas e uma projeção de número expressivo de turistas nesta temporada. “Tudo o que ocorreu foram situações pontuais e já resolvidas, sem comprometimento de abastecimento”, afirmou.
A superintendente pontuou que as chuvas fortes em regiões em que a água é captada para o abastecimento da região antes do Réveillon também afetou o serviço. “O manancial onde a água é captada, quando chove forte, arrasta galhos, lama, que obstrui parte da passagem da água captada para esse tratamento”, pontuou.
Segundo Mendonça, quem mais sente os efeitos são moradores de imóveis que não têm caixa d’água interna. “Elas são obrigatórias por lei, para resguardar o abastecimento enquanto há uma manutenção”, indicou.
A superintendente citou que as situações, por serem previsíveis, mobilizaram a Sabesp a contratar 170 novos funcionários para reforço da equipe. Em algumas residências, a pressão da água não é suficiente e, por isso, Mendonça indica abrir uma reclamação na Sabesp, que a empresa pode encaminhar um caminhão-pipa até que o sistema se reestabeleça.
A Sabesp diz que adotou medidas para verificar as solicitações da prefeitura e prestou os esclarecimentos necessários à Secretaria Municipal de Meio Ambiente. A companhia acrescenta que tem monitorado o sistema de esgoto da Baixada Santista e que “ele está operando normalmente”