O primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, foi cobrado em sessão do Parlamento para dar explicações sobre seu envolvimento no escândalo relacionado à venda de terras públicas a uma escola privada ligada à primeira-dama. O caso de corrupção diz respeito a um lote vendido em 2016, por 15% de seu valor, à rede de escolas privadas Moritomo Gakuen, em Osaka.
Na segunda-feira (19) Abe tentou se explicar colocando a culpa em seus assessores e dizendo que nunca pediu a ninguém para alterar documentos referentes a esse caso. Sua situação se complicou depois que, no dia 7 de março, um funcionário do Ministério das Finanças foi encontrado morto, por suicídio, deixando um bilhete afirmando que foi forçado a retirar o nome da primeira-dama, Akie Abe, de 14 documentos relacionados com a venda de lotes à escola. As alterações foram apuradas pelo Ministério das Finanças, que constatou a supressão do nome de Akie dos documentos.
“Algumas partes dos documentos eram muito detalhadas e meu chefe me obrigou a reescrevê-las”, afirmou o funcionário de 50 anos, cujo nome não foi divulgado em respeito aos familiares. “Se isso continuar, serei forçado a assumir toda a responsabilidade sozinho”. Um familiar entrevistado pelo jornal Mainichi Shimbun disse esperar “que tudo seja revelado. Não quero que sua morte seja em vão”.
Como resultado do escândalo, a popularidade de Abe despencou para 31%, o menor nível registrado desde sua posse em 2012, conforme pesquisa publicada pelo jornal Asahi Shimbun, no domingo.
A primeira-dama Akie, por sua vez, tentou se justificar dizendo que apoia a “filosofia” ensinada pelo grupo Moritomo Gakuen. Tendo em vista a pressão do Parlamento, o premiê anunciou que sua esposa se afastará de todos os cargos honorários, mas disse que de forma alguma ela dará testemunho no Parlamento.