O primeiro-ministro da Jordânia, Hani Mulki, renunciou esta segunda-feira depois de 5 dias de protestos massivos contra o arrocho que queria impor ao povo.
As manifestações refletiam a indignação dos jordanianos com os aumentos abusivos de produtos, serviços e impostos, uma política recessiva na contramão do que havia prometido aos jordanianos de “reviver a economia” e seguindo as recomendações do FMI de medidas que levam à estagnação, desemprego e desesperança.
Esse arrocho – que provocou protestos na capital Amã e nas cidades de Zarqa, Balqa (leste), Maan, Karak (sul), Mafraq, Irbid e Jerash (norte) – em outras cidades do país – estava contido em um projeto de lei que Mulki se negou a arquivar dizendo que cabia ao parlamento decidir.
Os manifestantes tomaram a frente do escritório do premiê afirmando que só sairiam com a revogação da lei e ali ficaram até que o rei Abdullah II, que havia chamado um “dialogo nacional razoável”, sobre a lei, teve o apela rejeitado pelas ruas e chamou o ministro que a seguir informou de sua renúncia já com uma multidão diante do gabinete de Mulki.
O presidente da Associação dos Engenheiros da Jordânia, Ali Al Abus, já havia declarado às autoridades que receberam uma comissão dos organizadores do protesto que “os cidadãos já estão esgotados de aumento dos preços e dos impostos” e destacou que “o Estado tem que manter sua independência e não se colar às exigências do FMI”.
Ao saber da renúncia de Mulki, o presidente do Sindicato dos Engenheiros, afirmou que as manifestações vão continuar, pois “o que necessitamos é uma mudança de rumo para o país, a mudança de pessoas apenas não resolve”.
ARROCHO
No mês de maio, o rei propôs um aumento de impostos sobre os salários dos trabalhadores de 5% e para as empresas de 20% a 40%. Além disso, a partir da medida, os impostos deveriam recair sobre pessoas com renda abaixo dos 3.540 reais por mês, coisa que não acontece hoje.
Os preços de pão, eletricidade, combustíveis subiram de forma constante no ano de 2017, já sob a desastrosa supervisão do FMI, que impôs o arrocho como condição para ‘liberar’ US$ 723 milhões para o país. .
As centrais e sindicatos jordanianos convocaram um protesto com vigílias noturnas e marchas que partiam da sede da Federação Geral dos Sindicatos da Jordânia para lotar as ruas de Amã em direção às sedes dos órgãos governamentais.
Nas ruas da Jordânia ecoaram os brados de “O que aumenta preços quer incendiar o país”, “Povo soberano, Pátria soberana!” e ondearam bandeiras da Jordânia.
Uma pesquisa já havia informado que, sob o brado das ruas, dos 130 deputados do parlamento jordaniano, 78 já se declararam em oposição ao texto da lei através de nota onde afirmam que o fazem “em nome da paz nacional, justiça econômica e social”.