“Eu sou um soldado da América no chão. Eu apenas cumpro ordens”, afirmou o primeiro-ministro de Kosovo, em entrevista à Gazeta Blic, jornal de língua albanesa. Ele declarou ainda que “estamos juntos em todo plano global [dos EUA]” e defendeu as tarifas de 100% sobre todos os produtos da Sérvia e da Bósnia, impostas em novembro do ano passado.
A esfuziante confissão de Haradinaj chamou atenção do Sputniknews, que salientou a disposição do ex-comandante do ‘Exército de Libertação de Kosovo’ (ELK) e atual primeiro-ministro de servir “os interesses dos EUA contra a Sérvia e a Rússia”.
O ELK foi aquele valhacouto de traficantes de drogas, bandidos vários, mercadores de órgãos humanos e fundamentalistas islâmicos de etnia albanesa que serviu de fachada para o golpe final de Washington contra a Iugoslávia. Depois de 78 dias de bombardeio em 1999, a Otan ocupou Kosovo, que entregou aos facínoras do KLA.
Conforme a Wikipedia, o comandante Haradinaj chegou a ir a julgamento naquele tribunal ‘internacional’ que só condenava iugoslavo e cujo principal objetivo era esconder os crimes de guerra da Otan. Acabou sendo liberado, depois da súbita morte de nove das dez testemunhas que iam depor contra ele, e até virou depois primeiro-ministro.
O Sputniknews entrevistou em Paris o analista político Nikola Mirkovic, que considerou que Haradinaj está “está dizendo abertamente o que têm sido os últimos 20 anos”, desde que os EUA e a Otan treinaram, armaram e financiaram o KLA.
“Kosovo é claramente um protetorado americano hoje, e Haradinaj está apenas dizendo a verdade, ele é apenas um soldado americano”, assinalou Mirkovic.
Para o analista, a suposta ‘independência do Kosovo’ — declarada em fevereiro de 2008, mas reconhecida apenas por Washington e satélites — não passa de uma ilusão.
“É sempre o embaixador americano no final do dia quem está dá a palavra final e quem decide o que vai acontecer” quando há disputas entre os albaneses étnicos, acrescentou.
O Kosovo não é reconhecido por 5/7 da humanidade, incluindo Rússia, China e Índia, assim como a própria Sérvia, apontou Mirkovic. A política de Washington desde 2008, independentemente de qual partido esteja no poder, tem sido pressionar Belgrado para engolir Kosovo como “Estado independente”.
“Por que a Otan bombardeou a Iugoslávia há 20 anos? Porque queria uma posição nos Bálcãs, queria uma base militar como Bondsteel”, explicou Mirkovic, referindo-se à enorme base dos EUA no sudeste do Kosovo.