“Se não tiver a vacina, vamos para um quadro difícil. Esse quadro do Amazonas pode se alastrar de novo, se reproduzir. Pode ser precursor, antecipando o que vai ocorrer nos outros Estados”, alertou o governador
O governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), presidente do Consórcio Amazônia Legal, afirmou, na sexta-feira (15), em entrevista ao Valor Econômico, que, sem a vacinação contra a Covid-19, o colapso no sistema de saúde enfrentado pelo Amazonas pode se espalhar para outros Estados.
“O principal fator [do colapso], sem dúvida, é o que vimos desde o início, a premissa da ‘gripezinha’. A partir daí, todos os absurdos que estão acontecendo são derivações dessa premissa equivocada, criminosa. O país não se prepara adequadamente em nenhum item, desde respiradores, medidas de distanciamento, uso de máscaras e vacinas. Tudo isso vai ficando no improviso”, afirmou Dino.
Ele responsabilizou o governo federal pelo agravamento da crise sanitária na capital amazonense e disse que o “negacionismo” do presidente Jair Bolsonaro tem gerado situações trágicas como a enfrentada por Manaus, com hospitais lotados, sem vagas para atendimento nem cilindros de oxigênio para pacientes.
“O caso de Manaus é um dos mais dramáticos que eu já vi”, afirmou Dino, que tem mantido contato direto com o governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC).
“Esse é um problema que deve ser tratado no plano nacional. Alguém acha que essa nova cepa vai ficar concentrada em Manaus? O presidente não pode falar que é problema do Estado e da capital. É irresponsável”, disse Flávio Dino. O Maranhão deve receber ao menos 23 pacientes transferidos de Manaus.
O governador maranhense acrescentou que se as vacinas da Fiocruz e do Instituto Butantan forem liberadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) no domingo, o país poderá evitar a repetição do caso do Amazonas.
“Se não tiver a vacina, vamos para um quadro difícil. Esse quadro do amazonas pode se alastrar de novo, se reproduzir. Pode ser precursor, antecipando o que vai ocorrer nos outros Estados. Se tivermos a vacina, melhorará um pouco esse quadro”, enfatizou.
Flávio Dino afirmou não ter nenhuma previsão do governo federal de quantas doses o Estado receberá para vacinar a população. “Estamos no escuro”, concluiu.