
Senador Miguel Uribe Turbay, candidato do partido do ex-presidente de extrema-direita Álvaro Uribe, sucumbiu aos disparos recebidos na cabeça.
O senador e pré-candidato à presidência da Colômbia, Miguel Uribe Turbay, de 39 anos, não resistiu aos dois disparos recebidos na cabeça durante a campanha eleitoral em Bogotá e faleceu nesta segunda-feira (11), após mais de dois meses hospitalizado. No dia do atentado, um adolescente de 15 anos foi preso e governo de Gustavo Petro ofereceu US$ 730 mil por informações que levem aos mandantes intelectuais do crime.
“Este ataque tem um impacto na estabilidade do nosso país”, apontou o ministro da Justiça. Governo Petro ofereceu recompensa por informações que levem aos mandantes do crime.
O senador oposicionista era filiado ao partido Centro Democrático, legenda do ex-presidente Álvaro Uribe Vélez. Apesar do sobrenome comum, Miguel não tinha parentesco direto com o do líder de extrema direita. O pré-candidato Miguel Uribe Turbay é neto de Julio César Turbay, presidente da Colômbia pelo Partido Liberal entre 1978 e 1982.
Refletindo o agravamento do clima de tensão, com ameaças por parte de paramilitares à vida do presidente Gustavo Petro, o atentado demonstra até onde a extrema-direita está disposta a seguir para barrar os avanços sociais após décadas de governos neoliberais e subservientes aos ditames estadunidenses.
A perspectiva fúnebre e de extrema violência apontada pela oposição made in USA reflete não apenas sua aversão ao restabelecimento do processo democrático, como à própria vida de autoridades e lideranças políticas, populares e sociais empenhadas em construir um modelo independente.
Conforme o ministro da Defesa, Pedro Sánchez Suárez, o governo Petro trabalha com diferentes possibilidades para as origens do ataque contra o integrante do partido de Álvaro Uribe. “Poderíamos classificar em três grupos principais: se foi diretamente porque era Miguel Uribe Turbay, ou por sua ligação com o seu partido político, ou se foi uma tentativa de desestabilizar o governo nacional por meio de ataques a membros que discordam da atual gestão. Este ataque tem um impacto na estabilidade do nosso país”, apontou o ministro.
Nas eleições presidenciais de 2022, vencidas por Petro e Francia Márquez, ocorreram inúmeros casos de violência, como registrou a Fundação Paz e Reconciliação (Pares). Somente entre 13 de março e 13 de maio foram 222 vítimas de violência eleitoral na Colômbia, sendo 29 assassinatos e 193 ameaças.
Segundo o Instituto de Desenvolvimento da Paz (Indepaz), no primeiro semestre de 2022 foram registradas oficialmente 42 chacinas no país, sendo que após seis anos da assinatura dos Acordos de Paz, 1.624 ex-combatentes e líderes comunitários tenham sido assassinados.
VITÓRIA DE PETRO DESMONTOU RETROCESSO TRABALHISTA DE URIBE
O atentado a Miguel Uribe Turbay ocorreu em meio à vitoriosa campanha de Petro em favor da reforma trabalhista que – após dois anos de intensos debates -restaurou inúmeros direitos cassados pelo ex-presidente Álvaro Uribe (2002-2010). Agora, o atentado passa a ser descaradamente manipulado por setores da oposição e da mídia, subordinados aos Estados Unidos, para tentar desestabilizar a Colômbia na busca de retrocessos. Nesta toada, mensageiros de Trump responsabilizaram o atentado como reflexo da “retórica” do governo colombiano.
Álvaro Uribe foi declarado culpado recentemente por “suborno e corrupção” de três paramilitares na tentativa de evitar que o vinculassem aos crimes promovidos por seu governo. Ao longo do conflito armado, esses grupos mercenários de extrema direita atuaram com o suporte do exército estadunidense e torturaram, desapareceram e assassinaram mais de 200 mil oposicionistas. Ao emitir a sentença, a juíza Sandra Heredia sublinhou que “Álvaro Uribe sabia quão ilícitas eram suas ações” e, após 475 dias de julgamento, provocou uma enorme comemoração do lado de fora do tribunal.