Para o ex-presidente, a medida prejudica países que nada têm a ver com o conflito europeu
O ex-presidente Lula criticou nesta terça-feira (5) as sanções impostas por alguns países, principalmente os Estados Unidos, à Rússia em retaliação à guerra na Ucrânia. “O bloqueio é arma de guerra tão poderosa quanto a bomba atômica porque ele não está prejudicando o russo, não está prejudicando os Estados Unidos”, disse Lula.
Para Lula, a medida prejudica países que nada têm a ver com o conflito europeu. No nosso caso aqui, da América Latina, está bloqueando quase todos os países não só por conta do preço do petróleo, mas por conta dos fertilizantes e da proibição de vendê-los”, disse o presidenciável do PT.
Ele afirmou ainda que o bloqueio não pode “ser instrumento para toda solução” e que os países que quiserem adotar essa tática, a adotem apenas no que diga respeito a cada um. “Por que a Bolívia tem que sofrer esse bloqueio? Por que o Brasil? Então é importante que a gente discuta isso daqui para a frente”, disse.
Lula também falou sobre as falhas no atual modelo de funcionamento da Organização das Nações Unidas (ONU) e disse ser preciso “defender outra estrutura de governança mundial”. A ONU de 1948 já não serve mais. A ONU não representa os anseios da humanidade”, disse.
“O Putin [Vladimir Putin, presidente da Rússia] errou muito na deflagração da guerra, mas acho que os americanos e europeus também erraram muito”, afirmou. O ex-presidente voltou a dizer que o conflito poderia ter sido resolvido antes de seu início “em uma mesa de bar tomando uma boa cerveja”. “A gente sabe qual é o interesse dos Estados Unidos, da Europa, da Rússia e da Ucrânia. Não tem segredo sobre o interesse de cada um e por isso ela deveria ter sido mais negociada e não deveria estar acontecendo”, disse.
Ele já havia dito isso antes, em palestra na UERJ, o que causou revolta da ex-embaixatriz da Ucrânia no Brasil Fabiana Tronenko. Ela criticou Lula na segunda-feira (4) em suas redes sociais. “Que desrespeito do ex-presidente Lula com o povo ucraniano e todos os esforços do presidente Zelenskyy para parar essa guerra unilateral dos russos contra o povo ucraniano. Os ucranianos estão apenas se defendendo. Liberdade, democracia e vidas, não se resolvem em mesa de bar”, escreveu.