“A solução para a crise climática não será alcançada com mercados globais de carbono e mais capitalismo ‘verde’”, afirmou o presidente da Bolívia, Luis Arce, ao discursar na segunda-feira (1) Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática (COP26) em Glasgow, Escócia.
Arce, que é economista, denunciou que “os países desenvolvidos estão promovendo um novo processo de recolonização mundial que podemos chamar de ‘novo colonialismo do carbono’, porque eles estão tentando impor suas próprias regras do jogo nas negociações climáticas para continuar alimentando o novo sistema capitalista verde, enquanto pressionam as nações em desenvolvimento a aceitar essas regras do jogo sem quaisquer outras opções.”
A denúncia do presidente boliviano se refere à proposta, que será definida na continuação da COP26, sobre os chamados ‘mercados de carbono’, através dos quais os monopólios dos países ricos poderiam continuar poluindo, em troca de compra de ‘créditos de carbono’ de países pobres.
“Vemos com frustração o quadro global duradouro que não terminou de definir uma solução global para a crise climática, que se tornou o principal problema que devemos enfrentar em defesa da humanidade e da vida da Mãe Terra”, assinalou Arce.
“Percebemos que os países desenvolvidos estão simplesmente ganhando tempo, sem nenhum senso de responsabilidade pela humanidade”, ele acrescentou.
Arce enfatizou que se as nações do Norte Global realmente querem ser líderes no enfrentamento da emergência climática, elas devem reduzir as emissões no âmbito do acordo climático de Paris, promover uma distribuição equitativa do “espaço atmosférico” e fornecer recursos financeiros e outros recursos para as nações em desenvolvimento.
“Se as gerações atuais não resolverem a crise climática, isso será um fardo muito pesado e impossível de resolver para as próximas gerações”, alertou.
Arce apontou como solução “mudar o modelo de civilização e caminhar em direção a um modelo alternativo ao capitalismo, o conceito de viver bem juntos em harmonia com a Mãe Terra”.