Janja e o ministro do STF, Alexandre de Moraes, também. Embaixador de Israel não foi contemplado no evento realizado, na terça-feira (21), no Itamaraty. Gal Costa, Rita Lee e Elza Soares também foram, postumamente, homenageadas
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez muitas homenagens em evento no Itamaraty, em Brasília. Ele concedeu, na terça-feira (21), ao embaixador da Palestina no Brasil, Ibrahim Alzeben, a mais alta condecoração da ordem do Rio Branco, a Grã-Cruz.
Lula também concedeu homenagens aos ministros do STF (Supremo Tribunal Federal), como Alexandre de Moraes, Luís Roberto Barroso e a ex-ministra Rosa Weber. Os 3 foram contemplados com a condecoração máxima.
A condecoração é concedida pelo governo brasileiro para distinguir pessoas físicas, jurídicas e entidades “pelos seus serviços ou méritos excepcionais”. O evento aconteceu por ocasião do Dia do Diplomata.
A primeira-dama Rosângela da Silva, Janja, também, recebeu a mesma homenagem.
MAIS HOMENAGEADOS
Na lista de homenageados estão, ainda, as ministras Simone Tebet (Planejamento), Margareth Menezes (Cultura), Esther Dweck (Gestão e Inovação), Luciana Santos (Ciência e Tecnologia), Nísia Trindade (Saúde), Anielle Franco (Igualdade Racial), Sônia Guajajara (Povos Indígenas) e Aparecida Gonçalves (Mulheres). Entre os artistas, o cantor e compositor Chico César foi um dos agraciados.
Entre os homenageados há ainda outro ministro do STF, Cristiano Zanin, a presidente do Banco do Brasil, Tarciana Medeiros, o presidente da Petrobrás, Jean Paul Prates, o líder indígena Raoni, e os governadores do Pará, Jader Barbalho Filho (MDB), e do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra (PT).
Janja não foi à cerimônia, realizada no Palácio Itamaraty, por estar doente.
HOMENAGENS PÓSTUMAS
De forma póstuma, foram homenageados no grau de comendador ainda as cantoras Gal Costa, Rita Lee e Elza Soares.
O indigenista brasileiro Bruno Araújo Pereira e o jornalista inglês Dom Phillips, assassinados na Amazônia no ano passado, também foram lembrados postumamente com a Ordem do Rio Branco.
IGNORADO
O embaixador de Israel no Brasil, Daniel Zonshine, não foi condecorado. Mais que isso, foi ignorado.
O israelense expôs sua hostilidade contra o governo brasileiro e foi alvo de críticas recentes, quando o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) compareceu ao evento da embaixada de Israel na Câmara dos Deputados. O Brasil defendeu a paz na ONU, um cessar-fogo na Faixa de Gaza e a criação do Estado palestino, livre da ocupação de Israel. O presidente Lula tem criticado as atrocidades israelenses em Gaza, com bombardeios que já assassinaram mais de 5 mil crianças.
No evento, o embaixador sentou-se lado a lado com Bolsonaro. O diplomata também causou desconforto ao comentar a operação da PF (Polícia Federal), que prendeu suspeitos de ligação com o grupo Hezbollah, do Líbano, que também atua no conflito.
A representação de Tel Aviv afirmou que não sabia da presença de Bolsonaro. O que não era verdade, pois foi preparado para o ex-presidente tarja com o nome dele, ao lado do embaixador.
Apesar de criticar as ações do Hamas, Lula vem subindo o tom contra Israel por causa da resposta militar considerada desproporcional e genocida, em particular os bombardeios na Faixa de Gaza.
Lula critica os ataques cruéis que vêm atingindo a população civil, em particular mulheres e crianças.
REAÇÃO DO GOVERNO PARA PROTEGER PF
O governo reagiu para defender a atuação soberana da PF. O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, e mesmo a PF, fizeram duras críticas à ação do governo israelense, que insinuou ter dirigido as ações da polícia brasileira.
Diplomaticamente, porém, o governo evitou medidas mais duras para não prejudicar a retirada de brasileiros da Faixa de Gaza.
Críticas públicas ao governo e reunião com opositores, especialmente com o ex-chefe do Executivo, que está inelegível e não tem cargo público, são incomuns na diplomacia. Noutras palavras, uma intromissão nos assuntos internos do governo brasileiro, atitude considerada gravíssima na diplomacia mundial.