Presidente da Câmara Brasil-Rússia critica “russofobia” e defende as relações entre ambos

Gilberto Ramos, presidente da Câmara Brasil-Rússia de Comércio, Indústria. Foto: Reprodução - CNN Brasil

O presidente da Câmara Brasil-Rússia de Comércio, Indústria e Turismo, Gilberto Ramos, contou que os dois países são importantes parceiros para o desenvolvimento agrário e de infraestruturas e disse que a melhor saída para a guerra é neutralidade da Ucrânia, sem aderir à OTAN.

Em entrevista à CNN Brasil, Ramos disse que é cedo para dizer como serão afetadas as relações econômicas do Brasil com a Rússia, mas que sanções econômicas impostas pelos EUA e União Européia podem ser dribladas por novos “dispositivos” que “serão criados”.

“É ainda prematuro saber o que vai acontecer. Fala-se em desligamento [da Rússia] do SWIFT, mas a própria Rússia tem seus mecanismos, a China tem outros mecanismos”.

Gilberto Ramos contou que é interesse da Rússia manter as relações comerciais com o Brasil. O país é responsável por 20% dos fertilizantes utilizados no Brasil, enquanto está entre os dez maiores importadores de soja brasileira.

“Brasil e Rússia são países parceiros, existe uma complementariedade natural, não apenas pelo agro e fornecimento de fertilizantes, mas em tecnologias, com parcerias no setor de defesa”, comentou.

O presidente da Câmara Brasil-Rússia, que trabalha com as relações comerciais entre os países desde 1988, afirmou que a guerra foi provocada pela possibilidade da Ucrânia aderir à OTAN.

Segundo ele, que também é cônsul de Belarus no Rio de Janeiro, até 2014 as relações econômicas e sociais entre Rússia e Ucrânia eram muito importantes, havendo prioridade pelos dois lados.

Depois do golpe de estado, que depôs o presidente que atuava a favor dessa aliança, Viktor Yanukovych, Gilberto Ramos observa que “começou a haver antagonismo, russofobia”.

“Até 2014, eram países preferenciais em seus negócios e em seus investimentos. A coisa começou a diminuir de lá para cá. Existe um movimento contrário à Rússia que começou na Ucrânia e que foi financiado – digo, não foi natural – para o Brasil”.

Depois de 2014, a intenção da Ucrânia de aderir à OTAN foi registrada na Constituição ucraniana. Na avaliação de Gilberto Ramos, isso representa “uma ameaça” para a Rússia.

“Nossa expectativa e desejo é de que haja um armistício, a guerra não é interessante para ninguém”, falou, destacando a importância do começo das negociações entre a Rússia e a Ucrânia.

Para ele, a melhor saída para o fim da guerra é a Ucrânia se tornar um país neutro, como são a Suíça e a Finlândia, deixando, então, de aderir à OTAN.

Ramos disse acreditar que não vai acontecer com Kiev o que “aconteceu com Belgrado ou outras capitais da Ásia, do Oriente Médio ou da África”.

Belgrado, antiga capital da Iugoslávia, foi bombardeada por tropas da OTAN e dos Estados Unidos, em 1999, ao longo de 78 dias. Os Exércitos lançaram contra a Iugoslávia 14 mil bombas e 2,3 mil mísseis.

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