Os principais democratas no Congresso – a Presidente da Câmara Nancy Pelosi e o Líder da Minoria do Senado Charles Schumer – pediram, na quinta-feira (7), a imediata destituição do presidente Donald Trump, seja por seu Gabinete [através da 25ª Emenda da Constituição] ou por impeachment.
A imediata destituição de Trump, após o fracassado putsch que ele insuflou, com invasão e vandalização do Congresso, na tentativa de impedir a certificação da vitória de Joe Biden à Presidência, deixando quatro mortos, também está sendo pedida por cerca de 100 parlamentares, inclusive republicanos, e pelo governador republicano de Maryland, Larry Hogan.
“Embora só faltem 13 dias, qualquer dia pode ser um show de terror para a América”, afirmou Pelosi a repórteres no Congresso, ecoando declaração de Schumer.
O senador democrata, que deverá se tornar o líder da maioria com a conquista das duas cadeiras na Geórgia pelo partido do presidente Joe Biden, chamou os acontecimentos de quarta-feira de sedição “contra os Estados Unidos, incitada pelo presidente”.
“Este presidente não deveria ocupar o cargo um dia mais sequer”, sublinhou.
Segundo Schumer, a “forma mais rápida e eficaz” de remover o Trump seria sob a 25ª Emenda. Sob esse processo, o presidente pode ser removido do cargo pelo vice-presidente – Mike Pence – mais uma maioria do Gabinete, ou pelo vice-presidente e um órgão estabelecido pelo Congresso, se verificado que “é incapaz de desempenhar os poderes e deveres de seu cargo”.
“Se o Vice-Presidente e o Gabinete se recusarem a se levantar, o Congresso deve reunir-se novamente para impugnar o presidente”, acrescentou Schumer. Pelosi deixou em aberto a possibilidade de impeachment de Trump uma segunda vez.
Em uma carta ao vice-presidente Mike Pence no final da quarta-feira, depois que os milicianos trumpistas foram retirados do prédio do Capitólio, 19 membros do Comitê Judiciário da Câmara escreveram que “a vontade de Trump de incitar a violência e a agitação social para derrubar os resultados eleitorais pela força claramente atende” ao padrão determinado pela 25ª Emenda, que dá ao vice-presidente e à maioria dos secretários de gabinete em exercício a autoridade para remover um presidente que é “incapaz de cumprir os poderes e deveres de seu cargo”.
“Donald Trump tem abusado flagrantemente de seu poder e manchado o cargo que ocupa. Agora ele está provocando derramamento de sangue nos corredores de seu Capitólio. Não podemos suportar este pesadelo por um segundo mais”, advertiu o deputado Gerry Connolly.
Também presidente da Associação Nacional de Governadores, o republicano Hogan disse na quinta-feira que os EUA “estariam melhor” se Trump se demitisse ou fosse afastado do cargo, permitindo que o Vice-Presidente Pence liderasse o governo através de “uma transferência pacífica de poder”.
Crítico freqüente do presidente bilionário, Hogan disse que Trump continua a açular com falsidades sobre fraudes eleitorais generalizadas, o que levou ao “hediondo e violento assalto” que ocorreu na capital do país. “Chega de mentiras, chega de ódio e de disfunção total”, disse ele. “Basta”.
De acordo com o Washington Post, “alguns altos funcionários da administração começaram a conversar sobre a invocação da 25ª Emenda” na quarta-feira à noite após o ataque dos partidários do Trump ao prédio do Capitólio dos EUA.
“Um ex-funcionário superior da administração confirmou que as discussões preliminares da 25ª Emenda estavam em andamento, embora esta pessoa tenha advertido que elas eram informais e que não havia indicação de um plano de ação imediato”, registrou o Post na quinta-feira.
No mesmo dia, cada vez mais isolado e ameaçado de virar um pária, Trump postou nas redes sociais que se submeteria a uma “transição ordenada em 20 de janeiro”, mas voltando às falsidades sobre eleição roubada dele. “Embora isto represente o fim do maior primeiro mandato da história presidencial, é apenas o início da nossa luta para tornar a América grande novamente”, disse Trump em uma declaração distribuída aos repórteres.
O Facebook anunciou que as contas de Trump permanecerão bloqueadas pelo menos até o dia seguinte da posse de Biden. Entidades e grupos de defesa dos direitos também começam a aderir à reivindicação da aplicação da 25ª Emenda contra Trump.
“Os riscos de uma ação mais tresloucada são simplesmente altos demais”, disse Robert Weissman, da Public Citizen. “O vice-presidente e o Gabinete deveriam invocar imediatamente a 25ª Emenda para retirar Trump do cargo. A Câmara dos Deputados deveria agir imediatamente para destituí-lo, com o voto do Senado para a condenação. Uma vez removido, Trump deve ser processado criminalmente”.
Por sua vez, o Washington Post chamou a atenção sobre a “Bancada da Sedição”, como vem sendo chamado o grupo de deputados e senadores, encabeçados pelo notório Ted Cruz, que pretendiam fraudar e inviabilizar a certificação da eleição de Joe Biden. Como registrou um analista, a turba serviria de “força muscular” para a fraude intentada, mas, com tantos doidos e fascistas juntos, a situação acabou por sair do controle e deu no que deu.