“Adiar a aceleração no ritmo da queda da Selic certamente penalizaria ainda mais a atividade econômica no Brasil”, afirma Ricardo Alban em comunicado às vésperas do Copom
O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Ricardo Alban, afirmou que “é fundamental acelerar o ritmo de queda da taxa básica de juros, a Selic, para no mínimo 0,75 ponto percentual na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central que encerra amanhã, 20 de março”.
Atualmente a taxa está em 11,25% e desde agosto do ano passado, quando a Selic estava em 13,75%, o Copom vem reduzindo os juros básicos a conta gotas, em meio ponto percentual, mantendo os juros reais nas alturas, inibindo os investimentos e o consumo.
“Adiar a aceleração no ritmo da queda da Selic certamente penalizaria ainda mais a atividade econômica no Brasil”, destacou Ricardo Alban, em comunicado da entidade, divulgado na terça-feira (19).
A CNI alerta que mesmo após as cinco reduções da Selic, sendo o primeiro corte em agosto de 2023, a taxa de juro real (descontada a inflação) ainda está em 7,2% ao ano.
“Condições adversas no mercado de crédito limitam o consumo e afastam o investimento, punindo a atividade econômica do país”, alertou o presidente da CNI. “Não à toa, o PIB ficou estagnado nos dois últimos trimestres de 2023, e o investimento (Formação Bruta de Capital Fixo), elemento essencial para o crescimento econômico sustentável, recuou 3% na comparação de 2023 com 2022”, criticou.
De acordo com a CNI, “taxas de juros reais elevadas têm provocado danos à economia brasileira”.
“A taxa de juros real se reflete no mercado de crédito, com aumento no nível de inadimplência e redução nas concessões. A inadimplência da carteira de crédito com recursos livres às empresas, que era 2,2% em janeiro de 2023, subiu para 3,4% em janeiro de 2024. Além disso, as concessões de crédito com recursos livres às empresas recuaram 5,5%, em termos reais, no acumulado dos últimos 12 meses até janeiro de 2024 em relação ao acumulado dos 12 meses imediatamente anteriores”, segundo o comunicado.
A ampliação no corte da Selic “é compatível com o atual cenário de inflação sob controle”, reafirmou a CNI, ao avaliar que a inflação verificada em fevereiro deste ano partiu de motivações pontuais, refletindo a atividade escolar.
“O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) caiu de 5,6%, em fevereiro de 2023, para 4,5% em fevereiro de 2024, no acumulado de 12 meses, e está dentro do limite superior da meta de inflação para 2024 (4,5%). Os núcleos de inflação – que excluem preços sujeitos a choques temporários – mostram um quadro mais positivo. No acumulado em 12 meses, até fevereiro de 2024, a média de cinco núcleos de inflação foi de 3,88%, nível significativamente abaixo do limite superior da meta de inflação para 2024”, observou a entidade da indústria na nota.
INDÚSTRIA PARADA
Em 2023, o PIB da indústria de transformação encolheu 1,3% em comparação com 2022. O setor é responsável por cerca de 85% da indústria brasileira, que na indústria geral cresceu 1,6% frente a ano anterior – um avanço escorado na indústria extrativa, que avançou 8,7%, e na indústria de serviços de utilidade pública (Eletricidade e gás, água, esgoto etc.), que cresceu 6,5%.
A indústria de transformação encerrou o último trimestre de 2023 operando 18,5% abaixo do pico alcançado no terceiro trimestre de 2008.
Neste ano, a indústria brasileira partiu em marcha a ré. Em janeiro, a produção industrial recuou 1,6% frente a dezembro de 2023. Esse resultado eliminou parte do ganho de 2,9% acumulado no período de agosto a dezembro, de acordo com IBGE.