Presidente da CPI do Golpe fez pesadas críticas ao terrorista, que está preso em Brasília, em oitiva na comissão. Na maior parte do tempo, George Washington de Oliveira Sousa se manteve calado
A CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) se deparou, nesta quinta-feira (22), com a figura de George Washington de Oliveira Sousa, o bolsonarista que colocou uma bomba num caminhão-tanque cheio de combustível de avião para explodir no Aeroporto Internacional de Brasília, dia 24 de dezembro de 2022.
Ele compareceu à CPI do Golpe no Congresso e o presidente do colegiado, deputado Arthur Maia (União-BA), o interpelou de forma dura.
“Essa conduta odiosa que o senhor cometeu, essa conduta vil, covarde, vergonhosa para o nosso País, essa conduta o senhor realizou porque é próprio da natureza de pessoas como o senhor agir dessa maneira canhestra, escondida, falsa como justamente os vermes [que] se escondem no esgoto”, disse Maia para o autor do atentado a bomba.
Na maior parte do tempo que esteve na CPI, ele permaneceu calado, sob a proteção da Constituição [que ele e Bolsonaro odeiam], o que lhe facultou o direito de permanecer calado para não produzir provas contra si.
O objetivo pretendido pelo terrorista, que foi preso algumas horas depois pela PCDF (Polícia Civil do Distrito Federal), era causar imenso pânico e calamidade para tentar provocar intervenção das Forças Armadas e, assim, justificar pedido de GLO (Garantia da Lei e da Ordem), que justificasse intervenção das Forças Armadas e, consequentemente, o início de golpe de Estado.
Deu tudo errado na intentona golpista do bolsonarismo e o terrorista George Washington foi preso, processado, julgado e condenado.
CRIME HEDIONDO
O Brasil “gostaria muito de saber o que é que leva uma pessoa a se dirigir a um aeroporto da capital do seu País e, por uma motivação banal, por mais que seja importante o resultado de uma eleição, mas, por uma motivação banal, tenta cometer um crime hediondo contra pessoas inocentes”, questionou o presidente da CPI do Golpe.
Terrorismo, segundo a legislação brasileira, é considerado crime hediondo. Esse ato é equiparado a crime hediondo, conforme artigo 2º da Lei 8.072/90, assim, o criminoso não pode receber os benefícios da anistia, graça ou indulto, ou ser libertado sob fiança.
E acrescentou Arthur Maia: crime “contra famílias, contra homens e mulheres de bem, que não são nem aquele por quem ele eventualmente diz ter um ódio direcionado. Ele não tentou algo contra o agente político que ele combate; ele tentou, covardemente, criminosamente, de maneira desumana, ceifar a vida de dezenas ou centenas de brasileiros.”
“O SENHOR É UM CRIMINOSO”
Arthur Maia não cessou as duras críticas que proferiu contra o mal-afamado.
“Mas eu quero dizer ao senhor que eu sou uma pessoa que respeita o direito e sou um legalista acima de tudo. O senhor não é testemunha. Não, o senhor não é testemunha, o senhor não viria aqui como testemunha”, afirmou.
“Testemunhas são os policiais que o prenderam, o prenderam porque o senhor é um criminoso, e os policiais que o prenderam, esses, sim, homens dignos, de bem, vieram aqui na condição de testemunhas”, acrescentou.
TERRORISTA E CRIMINOSO
“O senhor é um criminoso e, como tal, está aqui na condição de investigado, para saber do senhor qual foi, além da bomba, a dimensão da responsabilidade do senhor nesses acontecimentos que envergonham a história do meu País, do nosso País”, fustigou.
“Portanto, o senhor está aqui tendo os seus direitos porque é da natureza dos homens e mulheres que compõem esta Comissão respeitar a nossa Constituição. É por isso.”
“Mas, sinceramente, o senhor envergonha este País, o senhor envergonha o Brasil, o senhor envergonha a sociedade brasileira, a sua família. O senhor envergonha a todos.”
“Eu espero que a lei brasileira seja muito dura com criaturas como o senhor. Realmente, é essa a minha expectativa”, finalizou o presidente da CPI.
ELO ENTRE ATENTADO À BOMBA E ATAQUE À SEDE DA PF
O delegado da PCDF, Leonardo de Castro, também compareceu à CPI, nesta quinta-feira, para prestar depoimento ao colegiado, na condição de testemunha.
Ele afirmou que os condenados por participar do malsucedido atentado a bomba próximo ao Aeroporto Internacional de Brasília, em 24 de dezembro de 2022, também estavam envolvidos na tentativa de invasão da sede da PF (Polícia Federal), em Brasília, em 12 de dezembro.
O diretor de Combate à Corrupção e Crime Organizado e os peritos da Polícia Civil responsáveis pela elaboração do laudo sobre o atentado na véspera do Natal prestaram depoimento antes de George Washington Oliveira Souza, condenado por planejar a explosão de caminhão-tanque.
O delegado confirmou também a motivação política do atentado, a partir dos depoimentos dos envolvidos.
“De acordo com o que ele informou, ele veio para Brasília em novembro — se eu não me engano, no dia 12 de novembro —, segundo as suas colocações, para participar da manifestação contra o resultado das eleições” — afirmou Leonardo de Castro.
M. V.